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Mostrando postagens de novembro, 2007

Pequeno Mito Grego

A dúvida era certa, mas o prazer de se estar vivo era inexplicável. Aquela criança tinha um Hércules no sorriso. Sabem do que falo, daqueles sorrisos que até fazem eco nos corredores da escola. O sorriso que corre junto, na hora que bate o sinal do intervalo da escola. Era um pequeno Hércules, já com os dons da retórica apenas no caminhar. O seu andar era um discurso político. Debate político. No dia seguinte todo mundo comenta, rindo gostosamente no aperto do ônibus (aquela bendita maldita linha para o Terminal Bandeira, como prato de pedreiro transbordando, assim pelas bordas). Era tal o poder do sorriso do menino. Chovia sim, chovia muito. Mas na hora em que abriu os olhos e refletiu neles o céu, o próprio céu, grandioso se compadeceu. Abriu-se todo, mostrou sua claridade morna. Aquele cheio gostoso do verão, cheiro de mato e terra molhada. E vem aquele morno acumulado pelo excesso de lixo nas ruas, a rua tão quentinha e quase lavada que dá até vontade de deitar. Vem corren

A Boneca de Pano

Tem olhos de plástico Costura em linho Mas pele em vime De olhar estático. E solta bolinha Por baixo da saia De falso cetim de Vermelha Fitinha Vigia de cima Da jacarandá Em cubo esculpida A jovem menina Que chora tão triste Olhando pra estante Aquela boneca Que nunca desiste.

Reflexão Pública

Enquanto passeava no calçadão da 13 de maio A Multidão chovia na minha cabeça Quinhentos homens e quinhentas mulheres Caíam diante de mim. Caíam arredor dos clamores Caíam um por um, em rufos militares. Estendi as mãos vagas, em flores Não apanhei nenhuma e nenhum Recolhi os braços mudos em dores De todos que tombaram, sou mais um.

Snap

Olhou a tela medindo-a com o pincel. Com o olho esquerdo fechado, respirou. Analisou. E sentiu o pulsar das cores. Nas retinas do imaginário. - O que pensa você dessa arte? - Estou aprendendo a gostar. Olhou o relógio o coração disparou vestiu o casaco apanhou a pasta             [apanhou a torrada apanhou o café             [apanhou a chave abriu a porta saiu             [levando tudo nos calcanhares Tirou a fotografia da Avenida Principal         Fotografia Digital Olhou fascinado a vivacidade das cores apressadas E a estaticidade do movimento da imagem Mas desta vez não sentiu nada nas retinas - O que pensa você dessa arte? - Estou aprendendo a gostar... Quase parando de andar.