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Mostrando postagens de março, 2010

A corredeira

Árvores, pedras, um rio correndo, um ruído que não dói os ouvidos e que nem fere a alma, um ar puro, uma cor verde, marrom e cinza. No céu, azul. Só. Isso é o bastante pra descrever o cenário. Não é bucolismo e nem romantismo. Trata-se daquilo que roubamos de nós mesmos. E quando foi que deixei de ser homem e virei máquina? Tudo na hora, tudo pra cima, tudo pra baixo. Hora pra sair, pra entrar, pra dormir e pra acordar. Hora pra se amar. Tem hora até pra sexo, pois quando vou a um bordel, eu pago e me dão uma hora pra sair dali rapidinho. A hora do rush e do fast. Faster and Deeper, mas não tão deeper porque é bordel, não psiquiatra. Faria uma amizade fácil, mas uma amizade financiada. Esquece-se de tudo na beira do rio. Ele corre e leva os pensamentos pra bem longe. Logo ali do lado um perfume estranho, outrora familiar. Ela sorri, olha pra dentro de si mesma, ou para o fundo da água, tentando se encontrar. Não há dor nem alegria, não há nada. Não há sequer u

O Homem Sentado no Chão

Camisa suada Calça suada Barba crescida Cabelo em tons de fedor Arbustos cresciam ao redor. Sem crepúsculo Ou aurora Sem Sol poente Ou nascente Apenas em si mesmo Tranquilo e presente.

Amálgama Gama

Faça uma pausa de um minuto Faça uma pausa de um minuto Faça uma pausa de um minuto Eu não te vejo Eu não te cheiro Eu não te vejo Eu não te tenho Eu tenho mil olhos Eu falo em mil vozes Exalo dez mil cheiros Eu sou tudo Eu sou nada Eu não sou ninguém Eu vejo mil olhos Eu ouço mil vozes Eu sinto mil cheiros Eu tenho tudo Não tenho nada Não tenho ninguém Faça uma pausa de um minuto Escute o som anacoluto Faça uma pausa de um minuto. Eu corro devagar E devagar eu sigo todo mundo E todo mundo vai E ninguém chega Nem chegar E ninguém chaga Ninguém jogar Faça uma pausa de um minuto Escute a voz do absoluto Faça uma pausa de um minuto Eu tenho mil olhos Eu tenho mil vozes Eu tenho mil cheiros Eu sou vítima do desejo Eu sou o crime do ensejo Eu não tenho nada Eu tenho tudo Eu desço o degrau Eu subo a escada. Eu paro e vejo a estrada E sigo. Eu sigo todo mundo Eu vejo todo mundo E não vejo ninguém Eu sou atravessado Pelo vassalo dos ol

Bolsa Tipicamente Feminina

Tirei da bolsa de menina Bolsa bolsa Tipicamente feminina Um quarto puro De Cilibrinas. Bolsa bolsa Tipicamente feminina. Bolsa escova Toalha molhada Cama malhada Suor do pescoço Com perfume de flores Bolsa bolsa Tipicamente feminina Bolsa independente Sem braço Sem fecho Sem corrente Bolsa livre e sorridente Bolsa de alegria, amor, paixão ardente. Bolsa bolsa Tipicamente feminina Tipicamente feminina Que precisa de amor E precisa de carinho Mas se o coração sente aperto Sente o grilhão Sente o sufoco O coração quer ser sozinho E livre segue o caminho Sem fecho Sem corrente De alegria, amor, paixão ardente. Bolsa bolsa Tipicamente Feminina Escolhe quando quer e quando vem Fica se quiser Cheira se quiser Cheiro de homem Cheiro de mulher Cheira como quer e quantos quer Bolsa sem flores Sem raízes Bolsa de mariposas Sem matizes Que na flor escrava pousa. Bolsa Sol Só cheia de carinho

Pelas Almas Intranquilas

O que eu posso aprender com as vacas? As vacas são mães serenas Seres tranquilos de boa conduta Se as pernas são livres Seguem apenas as suas necessidades. Que tem as vacas com a tranquilidade? Vacas ruminam a vida com serenidade Acompanham cada passo até o pasto sagrado Se um passo a seguir é deveras complicado Ao invés de passo, seu corpo fica parado. Vacas não ruminam ervas ruins Árvores não crescem em terras inférteis O céu ilumina onde a sombra não se faz E o meu ar flui puro como a casa da garoa Vacas sem encostam na pedra Mas apenas como descanso E seguem seu curso sem pensar. O pensamento desmedido traz cansaço à alma E é a alma que produz o mel da vida Com todas as suas abelhinhas. As árvores sempre renovam suas folhas Abelhas zumbem em volta das flores E sabem que um dia vão tombar Mas sempre flores vão desabrochar. De vacas e árvores e flores e terras Eu me diluo nessa vida E enfrento feliz a minha guerra.

E no final...

Mãe estou partindo Bato a porta quando estiver saindo Existe lá fora um mundo inteiro Sei que tudo está ruindo Mas meu coração por ele está pedindo. Mãe, eu vou embora Vou em busca de outras rimas De outras horas. Oras, veja como as coisas são: Mãe, Ser divino inatingível e perfeito Não há imperfeição que se lhe caiba Desde o amamento ao inevitável leito