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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Percepção

Com dois olhares capta-se duas coisas distintas. Ler com dois olhares diferentes é viver dois mundos, viver duas vidas, viver um pouco mais de uma coisa que só poderia ser uma. Mas a vida é tão múltipla e complexa. Isso traz uma tristeza bela. Espero que gostem do poema de hoje que é como eu me sinto quando lembro das passagens de uma adolescência conturbada para uma vida adulta cheia de medos. Só vi um horizonte Só vi a linha torta De uma cidade só Só vi a escadaria De sombras feitas no chão Na sombra de um homem só. Só testei uma tentativa De só ver além E de ninguém ver o que só vi. Só entendi poucas coisas E só compartilhei com todos O que juntos todos já sabiam. Só estabeleci uma regra E só defini uma meta Para os lugares que só chegarei. Só vi um grupo de pessoas Imagens conjuntas de momentos felizes De uma felicidade que não se sente só. Mas só daquilo partilhei À distâncias dos que não estão sós E só senti que o que eles sentia

Esquadro

Olho para o universo E não vejo o universo Não sou nada. Vejo no máximo possível Da mais bem direcionada Um reflexo de minhas intenções.

Se

Quando a água estava ao fogo Não ferveu Não respeitando nossa ciência. Mar imenso Praia imensa Praia intensa A onda foi, voltou, foi de novo. O que veio não vem mais.

Tristeza

Situação assim Quando Deus olha pra mim E diz: "Você é fruto do ser estar Nada te pertence Nada te pertencerá." Um sorriso me toma conta Eu deito e durmo O sono dos que acabaram de nascer E esqueço por um momento Que não tenho para onde ir Nem para chegar Enquanto estou só Num mesmo lugar.

Não tanto pela eternidade Nem pela glória Nem por mim mesmo Por que então? Matéria palavra Sentimento quase consentido Que fica preso Que fica solto Fez-se eterno enquanto pode Nos olhos cansados de tanto trabalho (Quanto trabalho, oh deuses dos confins das religiões que ninguém fala ou ora mais!) Mas que ainda brilham. E por trás de cada olhar sutil Uma vida vive antes Ante a uma ilusão tardia. Não por si própria Nem pela crença Nem pela criança Por quem então? Aquele brilho azul noturno De cair de uma noite lenta Atrasada Silenciosa Sedenta por o que seria mesmo? Aquele olhar de tédio Como um pasto quente, e só verde Cheio de vacas e bois preguiçosos Que me enchem de preguiça. Se não é pela palavra Se não é por nada Por qual destas seria? Pelo quem a vida ainda respira? Do por que que tanto teimamos? De quanto mais viemos e vamos Cai suor, sujeira, choro e sangue Por que ainda tentamos? Quanto mais anos