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Mostrando postagens de maio, 2011

A Onça do Kayapó

Seu primeiro acróstico amor meu! Kayapozinho acredita na onça Acendeu o fogo pra sentir o calor Raspou nas pernas a tigela do urucum Inventou umas redes para se deitar Ninando o sono da Cuiatã Abrindo o lábio em sonho apaixonado.

Ode ao Mundo

I Ponto Onde toda história tem começo Num só ponto. Uma história É igual a um Monte De pontos Desordenadamente Diferentes. II Não tenho olhos ou olhar Ou não tenho ouvidos Ou não tenho amigos? Carrego o sobrepeso Desta incansável dieta O peso sobressalente Do peso sobrevalente Mundo Saida das minhas costas! A mim não me pertences Com toda sua extensão E todo o seu mundo. III Quando Cabral descobriu Sozinho as terras distantes de além mar A sua descoberta marcou Ponto. A história de Cabral Não é a minha história. Mundo vá viver a sua vida E saia do meu carro de carga Que comprei Em liquidação De carregar o meu sobrepeso. IV Entenda, mundo! Deixa eu sorrir meu sorriso E chorar o meu choro Mundo... Cheirar alecrim E sem perder a sanidade Querer que seja o bicarbonato Mas com nome de sal de praia E sabor de areia de conetelação. V Estrelas, estrelinhas Contem nossos sonhos Sem contermos

Memória

Caiu o panelário ao chão Fez um barulho estrondoso Que deixou os deuses com ciúmes. Mil homens correram para lá Pisoteando trapos De outros mil homens Cuja glória inventada Resumiu-se a um resto de poeira Bem decorado na minha memória. Sozinho não existimos. Nos jornais Na tevê Nas redes O silêncio.

Lirismo de Caridade

Estou escondido amigos Digo-lhes Escondido! Não vivo de verdade Aquilo que em verdade Vos digo! Os Josés de quem falo por aí? Não os conheço, Mal os vejo. Aprendi efetivamente. Efetivamente! A sombra? Não vejo A esquina, as vielas, o beco? Por eles não passei. Senti medo, amigos, medo! Quando menino, abri meu livro de ciências Vi uma figura de bactérias Invisíveis, dizia o livro. Senti medo Lavei as mãos Lavo as minhas mãos até hoje! Mas onde estão as bactérias? Por que sempre um José? Não posso falar de um Carlos? Por que o dono das mazelas Das desgraças Das boca de fome Das mãos que pedem Das mãos que tremem Dos olhos que choram Choram? Imploram! Nessa poesia aqui Não pode ser um Fernando? Que tal um Manuel? Tantos Manés existem aí Para falar de miséria. Mas para falar de verdade Nunca um Manuel. Que tal um Mário? O mero Mário! Não, Sempre o José. O inimigo? Um sujeito indefinido