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Mostrando postagens de junho, 2011

Princesa de Minas Gerais

Laranja sem metade apodrece mais rápido Por isso não sou nada sem você Menina da minha vida que me tira do travesseiro Para pensar em você. Metade sou eu metade você. Espreme laranja e faz o suco sem metade de mim que sem você me faz Sensível.

Éter meu para Bandeira e Bashkirtseff

"Uns tomam etér, outros cocaína. Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria. Tenho todos os motivos menos um de ser triste. Mas o cálculo das probalidades é uma pilhéria... Abaixo Amiel! E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff."* Já dizia o poeta. Qual é então o motivo da minha tuberculose? Qual é então, o às vezes que me persegue, retorcendo o bem estar? A ferida que não cicatriza, as marcas da autoflagelação. O acesso ao voluntário sofrimento e horror. Se fosse um aleijado de pernas, não andaria. Maria Bashkirtseff ficou famosa por sua profunda tristeza e pelo relato fiel de sua miséria tão comovente e semelhante. Seremos todos cadáveres vivos? Éter meu para Bandeira e Bashkirtseff Uma estrela Duas estrelas Cinco estrelas Dez estrelas É de manhã Ainda teimo em contar estrelas. Um peixe Dois peixes Cinco peixes Dez peixes No aquário do restaurante de frutos do mar Teimo que estou no Oceano. Uma ave Duas aves Cinco a

Do câncer da minha alma

Eu navego de foto em foto, de fato em fato, sedento por um espaço naquela brecha, naquele local. Deus do céu, quanto é preciso para que um homem enlouqueça de solidão ou de saudades? Ou como se chama mesmo aquele sentimento obscuro de uma saudade dos lugares que não estivemos. Fotos antigas dos amigos... não mesmo, elas estão todas presas na minha memória. Estas fotos senhores, elas não existem. Pouca diferença faz aquilo que pensamos, ou o que sentimos. Tanto faz os pensamentos profundos quando na verdade queremos só esquecer de todo esse lixo que é a vida. Voamos como urubus de podridão em podridão, é assim mesmo ciscando, nestes tempos de incertezas, procurando os nossos pedaços. Ah Deus, há quanto tempo abandonamos os aconchegos de nossos corações e caímos no conto mal falado das ilusões? Inteligência, beleza, carisma, tudo sem provas, para que precisamos delas? Eu só gostaria de saber o quanto alguém precisa de mim sem que eu precisasse provar a minha qualidade ou utilida

Não sou obrigado a querer água

Sou jovem demais para algumas coisas que andei descobrindo nesta vida. Sou jovem demais, talvez, para viver sob verdades absolutas. Entretanto, a filosofia teimosa, por mais que ela insista, não consegue me convencer plenamente de que ao menos algumas não sejam, absolutas, eu quero dizer. "A vida é feita de escolhas." Está aí uma delas. Coloco entre aspas porque é uma frase que mesmo o mais sábio dos mais tolos conheceria. Entretanto o processo estupidificação dos nossos valores mais profundos está tão avançado que é lamentável, mas hoje em dia só podemos dialogar a partir do mais óbvio. O mais óbvio neste caso seria aquilo que eu acredito como o pensamento fundamental. Não tem nada a ver com valores pessoais, não tem nada a ver com as nossas crenças, mas as escolhas, elas sim fazem o que nós somos realmente. Esta noite saí da casa dos meus pais e prestei bem atenção naquele olhar da minha mãe e da minha irmã. Reparei bem na voz preocupada do meu pai, por causa

Bullying - Parte 2

Peço licença raros leitores, para ser ao mesmo tempo informal e adentrar neste assunto tão desagradável de novo. O meu relato não foi um desabafo com a capa de "eu sou a vítima do mundo". Acho que as pessoas não entenderam a minha intenção. Não tive idéia de por nomes numa lista negra esperando uma vingança que jamais aconteceria, por motivos extremamente lúcidos, entre eles: com a mentalidade de um adulto eu entendo que para muitas pessoas que presenciavam estas atitudes, tratava-se de inocentes brincadeiras de criança. Outro ponto a salientar é que naquela época, no Brasil, o bullying sequer era discutido. Enquanto no exterior este problema foi diagnosticado e muito pesquisado nos 70, no Brasil, só passamos a falar de Bullying em meados dos anos 90, ou seja, na minha época de escola isso ainda sequer era assunto para debates. E por fim, a questão que quero colocar aqui é: as marcas ficam, as pessoas não. Não me refiro àquele discurso comum do tipo: "não po

Esfinge

Calçadas de passear Calçadas de atravessar daqui para lá Um prédio Muitos prédios Uma placa Muitas placas Carros, motos, pernas e bicicletas Pessoas passam diante das lojas Pessoas param diante das lojas  Passeios param diante de pessoas Paradas diante das calçadas As vitrines observam  As câmeras registram E a penumbra do excesso diz-nos no fundo do consciente: Decifra-nos, ou devora-te a ti mesmo.

Contra a "Bundamolização" da Crítica

Aqueles que acessam a internet, e que acessam notícias jornalísticas, e também que acessam, especificamente, ao portal de notícias Yahoo, e que acessam as colunas de crítica musical, e por fim, acessam (ufa...) a coluna crítica de Régis Tadeu, talvez tivessem sido brindados na semana passada com o seu artigo sobre A Banda Mais Bonita da Cidade. Bem, antes de começar a escancará-la, gostaria de fazer uma pausa para voltar no tempo da minha própria vida. Graças aos desgraçados amantes da dúvida, que pouco se conformam em aceitar como definitiva a sugestão das teorias ilustres dos mais destacados gênios do país, eu criei este mal hábito de discordar, especialmente quando me deparo com uma avalanche de obscuridades à razão do atual momento da inteligência brasileira. Acabou a pausa, agora de volta ao artigo. O que me dá a vantagem de poder falar livremente sobre a crítica de Régis Tadeu é que, em primeiro lugar, eu não sei quem é Régis Tadeu. Não sei o que ele fez da vida para se

Diafonia

Não à taciturna voz dos poetas em decadência Não ao discurso com começo, meio e fim Não ao passado memorial contemplado pelos fiéis da dor Não aos deuses que como tributo ao sofrimento pedem-nos mais sofrimento Não à negação dos que não devem ser negados E que pedem como exemplo O da pessoa de olhar profundamente triste que todos os dias bebe um café de padaria [apenas para ter a sensação do riso fácil do funcionário que foi treinado a rir para as pessoas. O que telefona para o serviço de atendimento e pede socorro. O que dirige ao trânsito, caçando olhares no congestionamento. O que vai ao parque de imaginações e joga migalhas aos que por ali passam. Que adquire sobrecasacas de brechó e sente o aconchego familiar de outrém. O daquele que parece louco, por conversar com plantas ou animais. Os que não querem abandonar as camas dos hospitais pelo medo das salas vazias O que passa horas no escritório para passar as horas de ficar em casa. Não ao p