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Mostrando postagens de fevereiro, 2020
Se você quer quebrar a quarta parede, atire esta história pela janela, mas não sem antes esquecer que vivemos em um mundo em três dimensões. Boa sorte em encontrar a quarta, apenas te digo que não posso esperar. Este personagem tem como característica principal uma pinta bem destacada na bochecha esquerda.

Muito Além do Conto da Aia

Às vezes tenho a sensação de que algumas pessoas acreditam que assistir ao Conto da Aia é o suficiente para transformar uma sociedade que está alienada de sua própria responsabilidade. Estas pessoas se esquecem de que a história é apenas pura ficção, uma ficção que se estende para além da história em si, porque tudo o que a cerca, depois de concebida, vira um produto. É apenas a comercialização da indignação. Anos atrás eu me lembro de estar caçando novidades numa livraria, quando pego uma capa de um livro que parecia só faltar gritar "pelo amor, me leve daqui, você não vai se arrepender!" Não levei.  Havia não sei quantos alertas de 'Best Seller pelo sei lá qual jornal americano que não leio', e declarações apaixonadas pelos escritores que estavam na moda naquela época, se não me engano era Dan Brown. Vocês se lembram de Dan Brown? Pois é. Acredito que daqui uns 10 anos ninguém vai se lembrar de George R.R. Martin também, então se você encontrar numa capa de um livro

Atlas

Deixa essa bola rolar Será que existe chão no espaço? Cairía em velocidade gradual Mas com asas, Estas malditas asas, Desta imaginação cruel. Voaremos até o céu... Sem essa de asas de cera! Se eu ergo bolas de água ergo de fogo, Ergo Sou puro sonho incandescente Ser feliz na imunda solidão cretina Parece uma atitude indecente.

Milagre da Semana

A cultura de um povo é refletida pelas suas diversas formas de se manifestar. E é aceitável que sempre seremos ridículos aos olhos do futuro. Ridículo de uma forma que será impossível escapar da chacota. Como alguém em sã consciência jogaria defuntos na única fonte de água existente na cidade? Mas o assunto agora é outro. Um menino magro, tão magro, que suas roupas pareciam sacos de batata sobre seu corpo, provavelmente uma roupa que lhe servia, sem se dar ao luxo de escolher, olhava fascinado, do lado de fora da grade que cercava a casa de culto, as pessoas suas longas túnicas, encapuzadas, num cântico bizarro em notas dissonantes. Era extremamente proibido um não-fiel bisbilhotar o culto, sua mãe vivia lhe dizendo que as pessoas que se vestiam bem o faziam porque tinham almas podres para esconder. A guerra entre pobres e ricos já durava a muitos anos, mas a curiosidade era muito maior do que a condição, e por isso ele estava ali. Homens cantavam na tonalidade do cântico, man

Cinco passos de Gullar para a morte

Gullar era um homem apaixonado por tudo, pela vida e por todas as mulheres. Apaixonou-se candidamente pela sua estudante favorita quando ela tinha apenas dezesseis anos, e o amor que cultivaram era o bilhete de entrada para a peça teatral que se seguia. A vida bateu-lhe forte no peito e o acometeu com uma doença, uma moléstia, diriam os românticos. O amor acabou. O rancor os separou. A moléstia da solidão o fez perder o jeito. Não sabia diferenciar bom dia e boa noite sem indagar a validade das palavras. Um dia, aos 33 anos, idade jovem para a geração, desceu para pegar o jornal na porta de casa, quando decidiu, finalmente, morrer, após terem-lhe dito, educadamente - Olá, como vai? Seu sorriso bondoso se apagou. Ninguém nunca mais o viu após sua morte.