Foi quando veio a academia Que anunciaram a morte da poesia. Juntaram uma pilha de institutos Calcaram-na de pó para produto. Podia eu falar da beleza da noite Ou da tristeza dos dias Mas com mote teimo em dizer Da infeliz morte da poesia. O homem inventou a roda O Fogo As cidades As ventanias As tempestades O riso e o pranto mudos Inventou o homem surdo E as notícias turronas. E enfim por não ter mais que inventar Inventou a si mesmo. Tudo isso está escrito Na tábua sábia da academia. Mas antes disso tudo Antes da primeira aurora E depois do último crespúsculo Já ela vivia livre A nobre poesia. Encarcerada pois ela está Sob o peso de muitos ministros Com quantos outros mil doutores Vive ela vã em suas dores, Vomitando feito registros. E o mestre sábio da pena teimosa Vive com ela tão cheio de glosa Mas mais que a dor tão pretensiosa Vive ela, pobre poesia, toda chorosa. Já não a sente quem não a vê Empi...
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