No pálido outono da minha lembrança tu caminhas, leve, sem ferir o chão. Teus olhos azuis — dois portais de bonança — me enxergam inteiro, mesmo na contramão. Ela entra e o mundo esquece o eixo. Cada gesto, uma dança de navalhas e flores. Fala como se amasse — e fere como se fosse a própria musa do furor e dos amores. Teu riso era cítara, teus passos, harpa, e no fio da tua ausência me equilibro. Foste, e eu fiquei feito folha que farpa a si mesma num vento sem livro. Sua palavra tem perfume. Sua carícia, febre e calma. Ela me queimou com beijo e depois soprou minha alma. Tu és minha oração não rezada, minha infância não salva, minha irmã sem idade, minha estrela mais clara. Ela dizia: “vive, idiota!” E eu morria um pouco mais. Ficava olhando sua boca, como quem tenta ler sinais. Ainda me acenas nos sonhos — e, mesmo dormindo, eu sei: não há morte que te leve nem tempo que te levei. Ela foi Mas ficou em cada verso que grita, em cada vinho derramado, em cada noite infinita. E é no silên...
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