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Genesis 2, 16-17

 Depois de comer da fruta da ciência do bem e do mal,

Recordo-me que no meio do caminho,

Daquela vida tão jovem...

     ...e tão cansada...

      ...e tão distante...

Obriguei-me a subir no bote da ciência do bem e do mal.


Aos poucos, e cada vez mais,

O bote ia embora, velejando.

A terra ia pequeninando e me deixando maior,

ilhado no mar.

Tão triste é tudo isso, mas ele se afastava...

                 ...tão distante...


Que susto de angústia que levei!

Quando notei que não, o bote não se afastava.

Ficou parado no mesmo lugar que entrei.

                        ...e tudo tão distante...


No dia que comi daquela fruta,

e entrei naquele bote,

Certamente morri!

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