Sim, encontrei a porta de saída querida. Você não me tem mais. Minha mão pesa sobre a maçaneta, e agora vale muito a pena girá-la e abri-la.
Que ao menos você tenha aprendido uma lição. Que ao menos você, mesmo que não assuma em público, assuma pra si mesma que estava errada. Isso já serve pra satisfazer o meu ego. Isso não é uma crônica, é uma mensagem. Mensagem de despedida? Não sei ainda. Minha mão pesa sobre a maçaneta da porta, mas não sei se ainda quero girá-la.
Eu vejo você na cama, completamente despida de vestimentas e de pudor. Poderia ter sido só a roupa? A porta bem diante de mim, e levei tanto tempo pra sair. Eu era corpo e alma. Mas você, só corpo. Poderia ter sido isso? Em um breve momento eu acreditei que não. Acreditei que sua alma tentava conversar com a minha. E tentávamos nos entender. Hoje dói dizer o quanto te amo. E dói dizer o quanto quero te esquecer.
Consegue sentir isso? Não é um riso de deboche, é um riso patético de raiva. Mesmo depois de tudo, eu ainda creio que você não fez por mal, e ainda te vejo como uma garota adorável. Se não for feliz comigo, seja feliz com ele. Não me dê esse sorriso, porque não sei mais o que ele significa. É o seu sorriso despreocupado? O seu sorriso de alegria?
Tão certo estive a procura dessa porta, e tão certo estive de que por ela sairia um dia. E agora que estou aqui, eu te vejo, branca, branda, não sei se completamente. Mas sua imagem falsa me dá paz. Uma paz falsa. Não fosse a minha fé, eu já teria jogado tudo isso pro alto. Sim, eu te amo, por favor, não me machuque mais. Simplesmente olhe pra mim com ternura, me faça carinho, e diga que nunca daria certo entre nós. Eu vou sair daqui com uma boa lembrança.
Mesmo diante dessa porta, ainda estou completamente perdido. Chegando nessa porta, esqueci como se caminha sozinho.
Eu vi de cima de um edifício uma maçã que muito desejei. Sem pensar me joguei lá de cima, e a agarrei por momento. Mas inevitavelmente houve a queda. A dor é proporcional ao tamanho do amor. Mas amor não se mede. Então é simplesmente amor.
Quantas vezes me enganei? E quantas vezes fui enganado? Quantas vezes eu enganei? Não quero pensar que foi tudo de mentira. Ela pensava em mim, e não nos próximos. Não houveram próximos, é nisso que eu quero acreditar.
Meu suspiro de renúncia, de resignação. É tudo o que eu sei fazer. Não quero ser uma lembrança triste, porque aqui tem um coração.
A porta. Tão tentadora, porém tão dolorosa. Sua mão está tão distante da minha, mas é como se eu a sentisse me segurando. A mão carinhosa que você depositou no meu coração. Acredite, eu te amo, e quero apenas o seu bem. Mesmo longe de mim. Só não me deixe pensar que foi de mentira.
Estava completamente perdido, e estou completamente vencido.