O escultor no eremita abrigo
Tem no silêncio da sua obra
Seu único e sincero amigo.
A nota voa triste e vã
Do violão de um barraco
Sem a certeza do amanhã.
Há o poeta com seus versos
Conversa só em sua pensão
Diálogos secos, frios, dispersos.
Com três pincéis em certo mangue
O artista pinta o céu e o chão
De tinta suja, suada e sangue.
A dor eterna da arte nobre
Não nasce em palco acadêmico
Não é comprada em prata ou cobre.
E não há saldo de alegria
Pra tal intento involuntário
Que punge sua alma todo dia.
É uma dor de existência
Buscar o lado diferente
Sempre tentando a clemência.
E então após a rejeição
Do mesmo hipócrita que ria
Adora-te hoje exaltação.