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Estrela de Cinco Pontas - V

Estrela de Cinco Pontas V - 26/02/2009

I
Jaz ao longe, o barco da fé
Parado sobre a calmaria do mar do Éden.
Quem ali reside, sem nada questionar?
Quem ali se entrega, e a tudo renuncia?
É vida em abundância ou sólida bacia?

V
Ali está o homem que tudo sente e nada vê
É o homem que fielmente no Homem crê
Este é o homem sábio e conduzido
Sem ferida imunda e sem cicatriz mundana
É o homem que em trapos está rico.

I
Mas rico ele está na sua pobreza?
É pobre o que lhe falta de nobreza?

V
É nobre o que lhe sobra de certeza!

I
Mas certo ele está que está sozinho?

V
Não estás só,
É como um livre e solto passarinho.
Sem garras que o atem a este ninho
Está seguro e firme em sua dor;
Porém com grande afinco e ardor
Está ainda mais seguro da sua cura.
É um homem pobre, rico de alma pura.

I
Por que então ali não posso estar?
Estou decerto em nuvens velejando.
Mas em nuvens a certeza está vagando.
O Deus me dá o Sim e dá o Não.
Porém, Talvez eu busco e nada encontro.

V
Te livra deste cinco e dessa sorte
A vida que tu vives é a morte.

I
E morto estou buscando uma cura
Morto a alma imunda quer ser pura
Morto a rima falta e fica vã
Sem certeza alguma de amanhã.

V
O amanhã só é senão pra Ele
E Ele é minha vida e minha certeza
Estou aqui, deitado sobre pó
Mas um dia sentarei à Tua mesa.

I
Tu és a chama que está se apagando
Que um dia cegou a mais poderosa treva.

V
Reacenda esta chama e viva com alegria
A chama que ilumina noite e dia!

I
A chama que ilumina noite e dia
E me leva em direção àquele barco.
Aos poucos vejo que ali
Está a nobre Estrela da Manhã
Que sobre as águas calmas do rio Éden
Sorri pra mim e abre os teus braços
Que pouco a pouco me faz ter a certeza
De que a água é tão sólida como o chão
E que de pouco em pouco tornará
Em sim o que tanto disse não.
~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

Autores:

Matheus Vieira - I

Estevão Steiner - V

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