O ano não poderia terminar de jeito melhor. Que as minhas impressões não me enganem, e que tudo o que eu esteja vivendo não seja ilusão. A vida tende a nos iludir. A vida sempre foi ela mesma, a ilusão está na própria mente. Mas quando lhe são negadas as verdades desde a infância, e quando se acostuma a promessas não cumpridas, fica difícil incorporar a diferença entre verdade e mentira. Cabe-lhe aquilo que lhe é mais confortável. E só.
E quando a impressão fica
Dezembro das flores
Dezembro das dores
Dezembro multi falhas
Cheia de nódulos
Cheia de cores
Dezembro de preto e branco
É dezembro dos falsos
Cadafalsos de odores.
Dezembro de fim de ano
Dezembro do início dos planos
Em dezembro vira-se o barco
Caem as caras todas no charco
E sobem do lodo em renovação
Dezembro das promessas
Dezembro da ilusão
Ateam-se fogo nas lareiras
Escorrem as águas nas ladeiras
Dezembro de pratos e peneiras
Dezembro de doces torniquetes
Dezembro de santos e falsetes.
Dezembro dos olhares fechados
Das luas prateadas em fortes cadeados
Dezembro dos cortes de amargos
Das calçadas frias e dos postes enfeitados
Dezembro meu
Dos filhos eternos
E dos enteados modernos
Das juras de amor.