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Reflexo no Lago

Desejo o reflexo da beleza
Que reflete no reflexo do lago.
Na superfície há a cristalina juventude
Soa como o som do fino alaúde.

Ao toque sinto-me molhada
Das mãos aos pés me jogo no vazio
Afundo-me em enganosa superfície
Afogo-me em vazia ilusão.

Iludo-me em reflexo confuso
De todas minhas curvas distorcidas
Sem cor, teor ou cheiro ou som difusos
Somente a imagem pálida e borrada
Que quando bate a brisa mais gelada
E empurra suas camadas adiante
O músculo dos lábios me engana
E forma no reflexo um sorriso
De tez e olhos e colo azuladas.

Do fundo, lá do fundo eu não sei
Eu quero, eu sinto o ímpeto voraz
O pulso salta adianta, a mente avança
E o meu reflexo encara tão em paz
Tão sem nuance, sem sabor, sem andança.

Na claridade plena some a transparência
Porque é só o reflexo sobre a água
Um sorriso distorcido sobre o lago
Um olhar esmorecido pela brisa
Das camadas que vão de outro para um lado.
Não há o profundo saber de lá de dentro
Serão azuis as algas e cinzas as pedras?
Terá o azul celeste do reflexo do céu?

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