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Música

Este final de semana o projeto que criei e onde eu toco participou do Festival de Música do Jardim Ângela, ou Jardim Ângela Music Festival, como preferirem. Foi empolgante de certa forma participar do festival, ver o nome de um projeto meu sendo mencionado por outras pessoas, tendo repercussão na internet (embora que ínfima, mas teve), e saber que ao menos algumas pessoas gostaram.

Estivemos de certa forma desfalcados, o nosso baterista teve um grave problema familiar e não pode comparecer, então encaremos apenas o Júnior e eu. Tivemos coragem em tocar o Samba da Inês e o mantra Kali Kali sem acompanhamento de percussão, o que deixou a música de certa forma insôssa. Depois de um tempo tocando com o Fábio, eu não consigo imaginar as músicas com outras pessoas. Podem conferir algumas no meu outro blog: www.calangotrio.blogspot.com

Não passamos na segunda eliminatória, ainda não sabemos os pontos das nossas falhas. E eu fiquei desapontado a princípio. Mas depois de pensar muito, e principalmente depois do apoio e das palavras de conforto das pessoas que me amam, da mulher que me ama, eu pude seguir em frente de uma forma mais madura. Na arte não existe esta coisa de derrota ou vitória. A derrota artística é de certa forma vender a arte por um propósito pequeno, sei lá, mesquinho. A grande vitória é tocar as pessoas.

Eu me lembro que no início da cerimônia, quando foi dito que o festival era de caráter competitivo, eu de certa forma embrulhei o estômago, respirei fundo, com desagrado. Não gosto desta palavra competição. Isso me remete a este sistema cruel em que vivemos, do qual eu também não gosto e tento lutar por algo diferente.

A música não deveria ter caráter competitivo, mas ao contrário, deveria estreitar os laços, fazer a somatória das inconsciências através da consciência. A mensagem viria no mar da criatividade, dentro de uma garrafa que flutuou por mares e marés inteiras, repousando no berço da curiosidade.

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Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

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Tua Palavra

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