Desde que me coloquei a pensar sobre esta questão, lembro um pouco da proposta dos Concretistas. Aqueles poetas que escrevem (ou desenham) poesias. Afinal o que querem eles? Fazer-se entender de qual forma? Pois esta é a chave, a forma da forma. Num texto escrito é difícil captar a idéia. O poema concreto, pelo que pouco pude pensar, extrapola os limites da leitura gradual. A leitura de um poema concreto faz-se do todo, pois a imagem também diz muitas coisas.
O que querem eles afinal? Bem, refletindo sobre esta questão eu pude perceber uma ponta de crítica ao texto tradicionalista, que é este mesmo que escrevo agora. O escritor diz mesmo tudo o que quer dizer? Não quereria ele, manipular a nossa visão e nossa opinião sobre determinado assunto em favor de uma causa que vai além de sua causa individual? Sociedade não é nada sem grupos. Idéias não são nada sem força.
Uma idéia sozinha vira mentira, ou divagação. Uma idéia em dupla vira complô, ou vaidade. Uma idéia em conjunto torna-se verdade, torna-se uma espécie de força motora que vai conduzir a sociedade para determinado rumo, e escreverá a história de determinada maneira. Pois então um novo arquiteto das idéias surge, acrescenta algo àquela nova idéia, enquanto que outro tenta desconstruir, dizendo que o assoalho está demasiado roto, furado, está trespassando gotejos de uma garoa insuportável e torturante, e há de querer derrubá-la, tapando os buracos com uma nova idéia. O castelo do legado humano é interminável, e já ultrapassamos as nuvens. A idéia nos levou à Lua, e agora queremos Marte. Mas nossa ambição, embora seres pequenos, é surpreendente. Queremos conquistar o universo. Nós queremos o posto de Deus.
Substância:
Ainda direi completamente
de tudo o que é preciso
as idéias que respiram
outra vida insatisfeita
pela existência que nunca termina