Pular para o conteúdo principal

O Teatro Mágico

Já era hora que o poeta pena
E esfalece, esmorece...
O compromisso está na palavra
E só.
Sem serviço e sem contrato
Fumo de cigarro
Álcool de bebida
Sem precisão justa ou justiça.

Escravo não é mais quem trabalha
E pede pelo pagamento
É quem paga sem desalento
E quem anda sem movimento
E quem paira sem pensamento.

Os frutos podres pendem da plantação
As idéias velhas se acorrentam ao pescoço
E morrem sem tentação.
O velho livre já livre não é mais não
Pois o livre é ciente de que é livre sem condição.

Idéias velhas pendem na cabeça
E pode passar o bonde
Ou o trem da estação
E poucos perceberão que fecharão-se as lojas
E as portas se abrirão.
Fecharão-se os cercos
E os circos se abrirão.

Quem tem medo de furacão
Ficará em casa.
Quem tem assinatura
Fechará as gavetas.
Acostumados ao lixo que estamos
Evitamos olhar para o chão
Acostumados ao espelho
Evitamos o céu
Acostumados ao céu
Vamos de avião.
E os sem asas voam
Mesmo caçando no chão.

Postagens mais visitadas deste blog

PC Siqueira

Foi extremamente triste a morte do PC Siqueira. Nem toda morte é triste. Há mortes que acontecem, e a tristeza fica na saudade, mas nos sentimos felizes por aquela pessoa ter existido. No caso do PC, eu não comentava nos vídeos dele mas sempre o assistia.  Eu sempre defendi que o PC Siqueira por causa daquele infeliz caso, ele não foi aquilo do que todos o acusavam. PC Siqueira era depressivo, e em quadros graves, quando a doença está fora de controle, o depressivo se torna autodestrutivo, inconsequente, não se permite limites. Isso em todos os aspectos: físico, social, mental, emocional, não importa. A pessoa simplesmente não se importa com mais nada. Eu acredito que naquele comentário o PC já estava tão aquém dos limites do que choca as pessoas que ele foi lá e simplesmente disse. Ele pensou "eu me odeio, minha vida é uma merda, foda-se, eu vou dizer, e foda-se" e ele disse, e aquilo trouxe toda a reviravolta para a vida dele que o colocou nessa rota de loucura e solidão. E...

Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

A Child is Born

Talvez seja o som do enferrujado Ou um rato que emite seu chiado Escombros mais escombros de história  Fragmentos de vida, de memória. Torna o animal tua origem  Séculos e séculos recôndito  Desavergonha-se, prêmio da miséria  Anda a plena luz, sem pudor. Restos, muitos restos pelo chão  De homens e mulheres e crianças  Agarram-se firmes pela mão  Sob os rastros de uma explosão. Toda a tua ciência e tua literatura Cai-lhe sobre os ombros Tua salvação, tua ruína No fim das contas, de nada serviu toda a nossa luta. Cerveja, Bill Evans e uma vontade doce de morrer.