Pular para o conteúdo principal

O Teatro Mágico

Já era hora que o poeta pena
E esfalece, esmorece...
O compromisso está na palavra
E só.
Sem serviço e sem contrato
Fumo de cigarro
Álcool de bebida
Sem precisão justa ou justiça.

Escravo não é mais quem trabalha
E pede pelo pagamento
É quem paga sem desalento
E quem anda sem movimento
E quem paira sem pensamento.

Os frutos podres pendem da plantação
As idéias velhas se acorrentam ao pescoço
E morrem sem tentação.
O velho livre já livre não é mais não
Pois o livre é ciente de que é livre sem condição.

Idéias velhas pendem na cabeça
E pode passar o bonde
Ou o trem da estação
E poucos perceberão que fecharão-se as lojas
E as portas se abrirão.
Fecharão-se os cercos
E os circos se abrirão.

Quem tem medo de furacão
Ficará em casa.
Quem tem assinatura
Fechará as gavetas.
Acostumados ao lixo que estamos
Evitamos olhar para o chão
Acostumados ao espelho
Evitamos o céu
Acostumados ao céu
Vamos de avião.
E os sem asas voam
Mesmo caçando no chão.

Postagens mais visitadas deste blog

Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

Na Praia

Contempla a pedra una o nascimento Do suntuoso Astro que se lança Como o materno elance tua brasa Extirpa da minha vida o lamento. Beija-me os pés com tal candura A alma que imortal e majestosa Clara, tão macia e arenosa Da vida, abranda a desventura. Dança com o silvo de uma brisa Restaura-se o grão o teu domínio Incauta testemunho-lhe a misa A carícia que faz-me a imagem. Já não mais soa como o eterno toque Que na memória o gesto imortaliza Vez a vez se aparenta-se imponente A cena que comove-me o enfoque. Cavalga mar adentro a ventania Prata e prata no celeste horizonte Manto líquido, tua sabedoria Áspero, feroz limpa o Flegetonte. Olha a pedra do flamejante prenúncio Do grande Astro que o braço repousa A ocre cor que em seu leito se esconde Salva-se o mar perene de silêncio.

Tua Palavra

Palavras como fios E teus dedos costurando Um caloroso manto Para minha sombria alma. Palavras, que como pão Desta tua fome tão antiga Onde cada sílaba que canta Vira a ceia da minha calma. Palavras, como tuas mãos Que quando escreves meu nome Eu sinto O calor do teu gentil enlaço. Palavras como a brisa A brisa que te trouxe até mim No alívio das noites infernais Na doçura dos teus braços. E se ousa um dia duvidar Da força daquilo que escreve Lembra: O mundo que antes era só escuridão A vida que antes era nada Começou tudo, até amor Pela Palavra.