No mundo humano sempre existiram pessoas curiosas e com um impulso a compartilhar as suas curiosidades com os demais. Egocentrismo, preocupação com o futuro, auto-afirmação, amor ao próximo, chame do que quiser, mas estas pessoas existem.
Antigamente (e eu falo de antigamente mesmo) imagino que se um homem não se dava com outro haveria duas opções: fugir dele para outro lugar ou matá-lo. Hoje em dia o planeta anda cheio, repleto de seres humanos, repleto de direitos humanos e repleto de regras morais e éticas chocando-se por aí tanto quanto há de estrelas explodindo no universo. O maior desafio da atualidade é coexistir e conviver.
Discordar tornou-se algo tão leviano e trivial que perdemos a chance de aprender a melhor das capacidades humanas na aquisição do conhecimento de vida: absorver, extrair, abstrair, transformar e eliminar, para começar tudo de novo.
Alguns param simplesmente no extrair da coisa, e se impacientam, esperam que a eliminação venha de fora, não de dentro. Eliminar é um dos processos mais difíceis no que diz respeito à informação que o nosso corpo e mente absorvem, e no aspecto da nossa convivência social, ela é pouco trabalhada. As pessoas se esqueceram de como respeitar ao outro. Os curiosos sempre vão compartilhar suas curiosidades, e sendo elas idiotas ou não, a validade destas informações não são nada mais que o julgamento de valores daquilo que esperamos por ideal. Não é verdade que não somos obrigados a conviver com certas idéias. Nós somos sim! Estamos aqui, vivos, vendo coisas. E agora, como coexistir?
O efeito de toda forma de violência ocorre quando não entendemos os passos da extração, abstração e transformação da informação a nosso favor (e de toda a sociedade!). Espera-se que aquilo não aconteça, que não exista ou não se manifeste. Pairamos na angústia da indignação sem descobrir uma solução simples para conviver com o problema. Esperamos que a solução venha de qualquer parte, menos de dentro, baseados numa concepção ilusória da felicidade plena. Perdemos a habilidade de perceber os limites, os lugares que não podemos ir e não iremos, por mais que essa angústia não nos abandone. O planeta não nos pertence, somos meros habitantes, e é uma pena quem tenta nos fazer acreditar no contrário. Não há mais lugares no mundo para nos escondermos da informação, porque hora ou outra ela simplesmente nos abraça sem ao menos darmos permissão.
O entendimento na absorção da informação nos transformaria em pessoas mais seguras, eficientes em transmitir os valores que esperamos de outras pessoas, ou de uma sociedade próxima àquela que idealizamos. Esperar que a informação não exista é desrespeitar a razão de existência de outro ser humano, suas crenças e seus valores aprendidos desde a infância. Julgar a informação é agir com arrogância, tomando como ponto de referência apenas a si próprio.
Eu não sou o primeiro a pensar sobre isso, estas idéias não são novidade alguma. O mais terrível para a mente é imaginar que há séculos lidamos com esta questão que parece nunca ser resolvida. Eis aí algo mais a ser digerido pelo meu cérebro.
"O que seria do mundo se não fosse as pessoas que tentaram mudá-lo?" - Karina Guedes