Contempla a pedra una o nascimento
Do suntuoso Astro que se lança
Como o materno elance tua brasa
Extirpa da minha vida o lamento.
Beija-me os pés com tal candura
A alma que imortal e majestosa
Clara, tão macia e arenosa
Da vida, abranda a desventura.
Dança com o silvo de uma brisa
Restaura-se o grão o teu domínio
Incauta testemunho-lhe a misa
A carícia que faz-me a imagem.
Já não mais soa como o eterno toque
Que na memória o gesto imortaliza
Vez a vez se aparenta-se imponente
A cena que comove-me o enfoque.
Cavalga mar adentro a ventania
Prata e prata no celeste horizonte
Manto líquido, tua sabedoria
Áspero, feroz limpa o Flegetonte.
Olha a pedra do flamejante prenúncio
Do grande Astro que o braço repousa
A ocre cor que em seu leito se esconde
Salva-se o mar perene de silêncio.