Pular para o conteúdo principal

Vulto na Neblina

Não é veia, nem vinho
Não veio.
Não é nada desperto, decerto.

Vês a névoa que nos cerca?
Esta névoa que nos arrebata às mentiras e desilusões?
Pois bem, eu não
Eu não vejo nada.

Imagens:
O que é então esse mundo miserável?
Que torna irmão contra irmão
E faz o justo ser levado a crer
Que é crente contra o injustiçado?
Onde não guarda rancor com quem inventa e quem faz sofrer
Mas quem sofre como se fosse de provocação
Estes famintos, estes enfermos e quase mortos
Estes sedentos por direitos de viver e libertação
Que carregam um ímpeto poderoso em seu peito
Caídos, quase sempre, como escombros dispostos pelo chão.

Colônias e mais colônias, colônias de todos os aspectos
Para disfarçar o cheiro reto.
A justiça do homem feito não é a justiça pela palavra
Dinheiro, o senhor de todas as verdades.

Creio em Deus, a verdade e os homens
Creio em seu cetro
Creio em seio lácteo, luminoso
Tua borda enverga para o infinito
Colônias

Estás preso em uma colônia monumental
Estás preso em uma colônia mental meu filho

Se Deus é por nós
Por qual dinheiro será contra nós?

Creio em Deus, a verdade
E os homens Creio em seu cetro
Creio em seu seio
Lácteo luminoso tua borda
Enverga para o infinito colônias.

Postagens mais visitadas deste blog

PC Siqueira

Foi extremamente triste a morte do PC Siqueira. Nem toda morte é triste. Há mortes que acontecem, e a tristeza fica na saudade, mas nos sentimos felizes por aquela pessoa ter existido. No caso do PC, eu não comentava nos vídeos dele mas sempre o assistia.  Eu sempre defendi que o PC Siqueira por causa daquele infeliz caso, ele não foi aquilo do que todos o acusavam. PC Siqueira era depressivo, e em quadros graves, quando a doença está fora de controle, o depressivo se torna autodestrutivo, inconsequente, não se permite limites. Isso em todos os aspectos: físico, social, mental, emocional, não importa. A pessoa simplesmente não se importa com mais nada. Eu acredito que naquele comentário o PC já estava tão aquém dos limites do que choca as pessoas que ele foi lá e simplesmente disse. Ele pensou "eu me odeio, minha vida é uma merda, foda-se, eu vou dizer, e foda-se" e ele disse, e aquilo trouxe toda a reviravolta para a vida dele que o colocou nessa rota de loucura e solidão. E...

Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

Devaneio de um Sonho

 Eu vejo a distância a morte de uma flor Primeiro ela para de crescer, numa decisão impetuosa A cor que desvanece, empalidece, esmorece. O perfume cheira a frio e a saudade. Pouco igual ao fim de um espetáculo Testemunho o longo adeus, se recolher Dá-lhe água, adubo, carinho ou amizade Ela existe mas para de viver. Na veia corre o sangue em aflição Pois mesmo queira a flor se extinguir Mais forte sinto ainda o desistir. Pra que escolho esta flor como objeto? Servir como o frescor de um novo amor? Ou o consolo expurgo desta dor? Como a vela em dia claro, sob a luz ardente Não quero que se vá, que me deixe, que termine Como pés cansados num deserto transcendente Pende a pétala no instante em que decline. E as pétalas as deixam, avassalada Uma morte por dia, a flor que emudece Mas menos que um sopro de vida: Ao cadáver de pé, uma prece: Tenta, a vida que se arrasta, arrasta ainda e segue.