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Vulto na Neblina

Não é veia, nem vinho
Não veio.
Não é nada desperto, decerto.

Vês a névoa que nos cerca?
Esta névoa que nos arrebata às mentiras e desilusões?
Pois bem, eu não
Eu não vejo nada.

Imagens:
O que é então esse mundo miserável?
Que torna irmão contra irmão
E faz o justo ser levado a crer
Que é crente contra o injustiçado?
Onde não guarda rancor com quem inventa e quem faz sofrer
Mas quem sofre como se fosse de provocação
Estes famintos, estes enfermos e quase mortos
Estes sedentos por direitos de viver e libertação
Que carregam um ímpeto poderoso em seu peito
Caídos, quase sempre, como escombros dispostos pelo chão.

Colônias e mais colônias, colônias de todos os aspectos
Para disfarçar o cheiro reto.
A justiça do homem feito não é a justiça pela palavra
Dinheiro, o senhor de todas as verdades.

Creio em Deus, a verdade e os homens
Creio em seu cetro
Creio em seio lácteo, luminoso
Tua borda enverga para o infinito
Colônias

Estás preso em uma colônia monumental
Estás preso em uma colônia mental meu filho

Se Deus é por nós
Por qual dinheiro será contra nós?

Creio em Deus, a verdade
E os homens Creio em seu cetro
Creio em seu seio
Lácteo luminoso tua borda
Enverga para o infinito colônias.

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