Eu exijo meu direito de, em paz, poder ser triste
De sentir aquela coisa amarga e rude
Aquela coisa áspera e sem consideração,
Uma dor espinhosa, apimentada no estômago,
Tão inconveniente e segura de si
Uma coisa plenamente certa de que sabe o que quer fazer.
Tão sem necessidade de recorte
Ou compartilhamento
Tão sem filtro ou disfarçamento
A mais pura loucura de humanidade
Exijo.
Exijo que eu possa descer ao fundo do poço
E fique lá recostado
E que faça amizade com os mais pútridos organismos
E que sabote repentinamente até o meu lugar no ciclo da vida
Uma vez que a superioridade em ascender
Não entende a simplicidade no permanecer, por necessidade.
Uns vivem em casas, outros em poços.
E quando virar a esquina, e nada encontrar
Apenas um monte de desconhecidos
Ou apenas um grupo de possíveis semelhantes
Ou de semelhantes distanciados
Ou de distantes amontoados...
E quando virar a esquina,
E esperar o telefone tocar, o email chegar
Ou quando nada vier na tela do celular
Quando tudo isso de fato me abandonar
Quero o meu direito de perceber
Que estou sozinho, ilhado, rodeado de apenas ar.
E quero silêncio
Para ouvir apenas os meus ruídos
A minha ruminação estilística
O meu narcisismo comiserado
Exijo consideravelmente
Esse meu direito de pobre demente
De ser digno de dó
Olhem-me com pena, sintam asco e medo de me ser
Não exijam piedade ou recomendação
Vejam aqui, a experiência que se digna valer no coração
Passem, ou não
Atentem, ou não
Ignorem, estarei preso por mim mesmo
Acorrentando a essa doce maldição
Nessa auto destruição necessária
E perceba, em mim, o reflexo
De qualquer um que poderia ser.
E saiba que por um momento
Enquanto a tristeza flerta com a vontade de vida e de morte
Estarei ali, diante de tudo o que nos compõe
Entenderei o que há de mais nítido e de mais claro
E ressurgirei por esta via
Menos vidro, mais vida
Menos roupa, mais corpo
E no escuro céu não veremos estrelas
Esse meu direito de ser humano
Exijo.
De sentir aquela coisa amarga e rude
Aquela coisa áspera e sem consideração,
Uma dor espinhosa, apimentada no estômago,
Tão inconveniente e segura de si
Uma coisa plenamente certa de que sabe o que quer fazer.
Tão sem necessidade de recorte
Ou compartilhamento
Tão sem filtro ou disfarçamento
A mais pura loucura de humanidade
Exijo.
Exijo que eu possa descer ao fundo do poço
E fique lá recostado
E que faça amizade com os mais pútridos organismos
E que sabote repentinamente até o meu lugar no ciclo da vida
Uma vez que a superioridade em ascender
Não entende a simplicidade no permanecer, por necessidade.
Uns vivem em casas, outros em poços.
E quando virar a esquina, e nada encontrar
Apenas um monte de desconhecidos
Ou apenas um grupo de possíveis semelhantes
Ou de semelhantes distanciados
Ou de distantes amontoados...
E quando virar a esquina,
E esperar o telefone tocar, o email chegar
Ou quando nada vier na tela do celular
Quando tudo isso de fato me abandonar
Quero o meu direito de perceber
Que estou sozinho, ilhado, rodeado de apenas ar.
E quero silêncio
Para ouvir apenas os meus ruídos
A minha ruminação estilística
O meu narcisismo comiserado
Exijo consideravelmente
Esse meu direito de pobre demente
De ser digno de dó
Olhem-me com pena, sintam asco e medo de me ser
Não exijam piedade ou recomendação
Vejam aqui, a experiência que se digna valer no coração
Passem, ou não
Atentem, ou não
Ignorem, estarei preso por mim mesmo
Acorrentando a essa doce maldição
Nessa auto destruição necessária
E perceba, em mim, o reflexo
De qualquer um que poderia ser.
E saiba que por um momento
Enquanto a tristeza flerta com a vontade de vida e de morte
Estarei ali, diante de tudo o que nos compõe
Entenderei o que há de mais nítido e de mais claro
E ressurgirei por esta via
Menos vidro, mais vida
Menos roupa, mais corpo
E no escuro céu não veremos estrelas
Esse meu direito de ser humano
Exijo.