Pular para o conteúdo principal

E vai soltando...

Eu comecei este blog sem saber o que seria dele. Comecei tentando atingir uma pessoa por quem eu estava apaixonado com as minhas palavras. Então comecei o blog com um objetivo egoísta, íntimo. Teria sido melhor se eu tivesse escrito cartas, afinal, aqueles textos do início não fazem o menor sentido para quem lê, só para mim.

Depois disso convidei algumas pessoas para participar. Cada uma com a sua concepção particular do que é a vida, uns participando mais, outros participando menos, mas ainda algo íntimo. Acabou por se tornar um diário coletivo.

Por muito tempo pensei em encerrar o blog, por não conseguir ver sentido nos meus textos. De certa forma isso me causou angústia, porque eu gosto dos meus textos. Também outro motivo que me fez querer encerrar é a falta de público para ler, mas eu não sei. Não sei quantas pessoas passam por aqui. Nem todos que vem aqui deixam comentários ou querem expor publicamente as impressões que eu causo. De certa forma isso é ruim para mim, porque eu não sei qual o impacto as minhas palavras vem causando, ou até mesmo se elas vem causando agum impacto em alguém.

É a primeira vez que tento não ser tão íntimo, tão individual nas idéias. Estou exercitando a minha escrita, a mente, as idéias, para que eu possa olhar o que está ao meu redor, e não apenas o que está dentro de mim.

Existe um mundo inteiro ali fora, e eu preciso observá-lo de alguma forma, sob algum ponto de vista, afinal o escritor é uma espécie de tradutor da sua época. Tradutor pois o mundo sempre é visto sob uma perspectiva.

Então que as palavras venham e vão se soltando, como a minha respiração. O ar sujo que eu respiro, devolvo à atmosfera. Devo dar a mesma retribuição no que diz respeito às idéias.

Postagens mais visitadas deste blog

PC Siqueira

Foi extremamente triste a morte do PC Siqueira. Nem toda morte é triste. Há mortes que acontecem, e a tristeza fica na saudade, mas nos sentimos felizes por aquela pessoa ter existido. No caso do PC, eu não comentava nos vídeos dele mas sempre o assistia.  Eu sempre defendi que o PC Siqueira por causa daquele infeliz caso, ele não foi aquilo do que todos o acusavam. PC Siqueira era depressivo, e em quadros graves, quando a doença está fora de controle, o depressivo se torna autodestrutivo, inconsequente, não se permite limites. Isso em todos os aspectos: físico, social, mental, emocional, não importa. A pessoa simplesmente não se importa com mais nada. Eu acredito que naquele comentário o PC já estava tão aquém dos limites do que choca as pessoas que ele foi lá e simplesmente disse. Ele pensou "eu me odeio, minha vida é uma merda, foda-se, eu vou dizer, e foda-se" e ele disse, e aquilo trouxe toda a reviravolta para a vida dele que o colocou nessa rota de loucura e solidão. E...

Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

Devaneio de um Sonho

 Eu vejo a distância a morte de uma flor Primeiro ela para de crescer, numa decisão impetuosa A cor que desvanece, empalidece, esmorece. O perfume cheira a frio e a saudade. Pouco igual ao fim de um espetáculo Testemunho o longo adeus, se recolher Dá-lhe água, adubo, carinho ou amizade Ela existe mas para de viver. Na veia corre o sangue em aflição Pois mesmo queira a flor se extinguir Mais forte sinto ainda o desistir. Pra que escolho esta flor como objeto? Servir como o frescor de um novo amor? Ou o consolo expurgo desta dor? Como a vela em dia claro, sob a luz ardente Não quero que se vá, que me deixe, que termine Como pés cansados num deserto transcendente Pende a pétala no instante em que decline. E as pétalas as deixam, avassalada Uma morte por dia, a flor que emudece Mas menos que um sopro de vida: Ao cadáver de pé, uma prece: Tenta, a vida que se arrasta, arrasta ainda e segue.