Pular para o conteúdo principal

Adeus recebido, agora me deixa ir.

Enquanto caminhava na minha estrada, não era uma adolescência tardia que eu buscava. Houve um momento em que a voz do menino se calou e passou a tentar parar de ter medo, porque todo mundo tem medo. Se não tenho psicólogos na vida, nem amigos, nem pessoas que possam estar dispostas a acompanhar a minha loucura, então de verdade, me deixa ir.

Mas não me diga que não tentei, não me diga que não amei, que não me sacrifiquei, que não tentei crescer antes do tempo, que venci meus medos individuais, que superei barreiras, que passei noites em claro pensando pro bem e pro mal, que não me doei. Mas me doeu, e por isso é que fui. Porque chegou uma hora que minhas palavras eram tipo canto de pássaro. Algumas pessoas acham bonitas, outras pessoas acham incômodas, mas no fundo, ninguém entendia. Na tentativa de ser sozinho a dois, optei por ser sozinho sozinho.

Uns tem medo de passar a vida achando que não aproveitaram o suficiente, outros tem medo de dividir sua vida com outras pessoas e acabam crescendo uns sociopatas dementes, mas todo mundo aqui tem o seu direito à sol ou sombra, e claro, água fresca.

Fui tarde, mas tentei até o último minuto. Amar em liberdade não permite incoerência, não permite ciúmes e nem insegurança. Amar em liberdade não permite medo, então se houve enclausuramento, essa gaiola foi construída a dois. O que faltou foi o que se perdeu: cumplicidade. Mas toda paixão nova e diferente começa sempre do mesmo jeito. O pior é cometer os mesmos erros.

Deixa eu ser egocêntrico porque a referência é clara.

Postagens mais visitadas deste blog

PC Siqueira

Foi extremamente triste a morte do PC Siqueira. Nem toda morte é triste. Há mortes que acontecem, e a tristeza fica na saudade, mas nos sentimos felizes por aquela pessoa ter existido. No caso do PC, eu não comentava nos vídeos dele mas sempre o assistia.  Eu sempre defendi que o PC Siqueira por causa daquele infeliz caso, ele não foi aquilo do que todos o acusavam. PC Siqueira era depressivo, e em quadros graves, quando a doença está fora de controle, o depressivo se torna autodestrutivo, inconsequente, não se permite limites. Isso em todos os aspectos: físico, social, mental, emocional, não importa. A pessoa simplesmente não se importa com mais nada. Eu acredito que naquele comentário o PC já estava tão aquém dos limites do que choca as pessoas que ele foi lá e simplesmente disse. Ele pensou "eu me odeio, minha vida é uma merda, foda-se, eu vou dizer, e foda-se" e ele disse, e aquilo trouxe toda a reviravolta para a vida dele que o colocou nessa rota de loucura e solidão. E...

Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

Devaneio de um Sonho

 Eu vejo a distância a morte de uma flor Primeiro ela para de crescer, numa decisão impetuosa A cor que desvanece, empalidece, esmorece. O perfume cheira a frio e a saudade. Pouco igual ao fim de um espetáculo Testemunho o longo adeus, se recolher Dá-lhe água, adubo, carinho ou amizade Ela existe mas para de viver. Na veia corre o sangue em aflição Pois mesmo queira a flor se extinguir Mais forte sinto ainda o desistir. Pra que escolho esta flor como objeto? Servir como o frescor de um novo amor? Ou o consolo expurgo desta dor? Como a vela em dia claro, sob a luz ardente Não quero que se vá, que me deixe, que termine Como pés cansados num deserto transcendente Pende a pétala no instante em que decline. E as pétalas as deixam, avassalada Uma morte por dia, a flor que emudece Mas menos que um sopro de vida: Ao cadáver de pé, uma prece: Tenta, a vida que se arrasta, arrasta ainda e segue.