"Eu não vou solucionar a situação de vida dessas crianças, eu não sou governo. Eu adoraria mudar esse bairro, essa situação, mas eu não posso resolver o problema deles sozinho, estou aqui pra contar histórias, levá-los pro mundo de faz de contas e tirá-los um pouco da sua realidade dura" - Professor Jairo
Esta é uma citação que veio após o professor compartilhar um pouco da sua experiência de Contador de Histórias em um projeto Nossa Senhora de Caropita com crianças carentes.
Isso me faz pensar do quanto estamos infelizes com a nossa condição social e tendemos a projetar essa insatisfação no indivíduo, nos esquecendo dos principais culpados, os desgraçados que estão no governo.
Essa divisão ideológica que assola as nossas mentes é o principal alimento desses abutres que nos bicam nas costas quando não estamos percebendo.
Como professor, eu repenso a minha função. Repensar é fácil, o desafio é vivê-la.
Sou professor, não sou a solução. Minha função é, quando muito, mostrar o caminho. É apontar e dizer: "está vendo aquela montanha ali? Vê aquela luz lá no alto? Aquele ponto brilhante, que se move? Depois daquelas copas de árvores? Pois bem, ali está o seu sonho. O caminho é por aqui. Precisará sobreviver, então me escute com atenção. Não, não posso ir contigo. Cada um é dono de uma luz única, e com ela terá o que precisa para fazer o que sente para que veio, sua missão, seu motivo, sua razão de viver, chame como quiser. Eu não posso ir. O que tem ali é para você e apenas para você, não para mim, portanto apenas ouça-me e aprenda como te direi para chegar lá."
De certa forma querem que professores, médicos, policiais, juízes, arquitetos, engenheiros, profissionais em geral, subam na montanha e tragam a luz de cada aluno e as deposite em seus colos. Esta concepção está muito errada. Esta concepção explica muita coisa.