Você nunca será
Disseram
Não fui
Porém sigo sendo
Até enquanto houver ousar
Mas ar enquanto está tendo
Não hei
O que quer que seja
Que não seje
Suje...
Saja voa como voa a asa
E vaza
Ninguém se importa da sua importância
Ou sabe da essência
Como sangue em aberta artéria
Arturia em sua lenda do ser
No molde do teatro moderno
Cumpro meu papel com feitio
De fato em goma e falso estio
Mas que impeça desta breve estilha de vida
Dai-me então o pronto tiro
Enquanto está ditadura morta
Me dá preguiça.
Do Basque até a Sevilha
Cantabria é eterna lenda
Celta afora nesta selva de matilha.
Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.