Quanto mais eu penso a respeito, menos eu compreendo porque a sociedade discrimina, zomba e agride casais homossexuais. Eles dizem que não é natural. Mas o que há de mais antinatural do que negar a maior de todas as naturezas, a morte, em função de provar para a sociedade que você não é quem realmente é, afim de agradar algum tipo de Deus que você inventou para si mesmo, enquanto adapta a este mesmo Deus a tudo o que há de moralmente errado com você? O que não é natural é o medo de pensar que, talvez, a eternidade seja apenas uma maneira narcisista de não querer aceitar a morte e o esquecimento.
Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...