Você é a versão mais perfeita de si mesmo.
Essa frase tacanha e clichê apareceu na minha cabeça hoje, e me pôs a pensar, como tudo o que me põe a pensar.
Estamos sempre buscando algo fora, nunca dentro. Buscamos a Deus, a um amigo, um amor, uma vida nova, novos ares, paisagens e cheiros diferentes, gostos diferentes, sabores diferentes... chamam isso de vida, ou de viver. Isso se mescla à vontades momentâneas até o momento que torna-se completamente compatível com a nossa capacidade de adaptação ao ambiente, até que sintamos a necessidade de fazer algo novo. Mas mesmo assim, temos medo.
Temos medo do amor. Temos medo do ódio. Temos medo do novo. Temos medo do velho. Temos medo da vida. Temos medo da morte. Temos medo da alegria. Temos medo da tristeza. Temos medo da raiva e do perdão. Temos medo do outro e temos medo de nós mesmos. Temos medo de tentar e também de ficar parado. Temos medo de mover as coisas do lugar ou de deixar tudo como estava antes. Temos medo de ficar sós. Temos medo de ficar com a mesma companhia por muito tempo. Temos medo do real e medo da ilusão. A vida às vezes é isso, apenas medo.
O medo impulsiona a vida, dizem. E coragem, não é o oposto do medo, é fazer as coisas apesar do medo.
Mas e quando não há medo? Não há impulso? Não há vida?
E quando tudo o que sobra é só um grande tédio e um cansaço de fazer a mesma coisa toda hora apenas em versões diferentes do que já foi feito antes? A única coisa que temos pra entender que algo foi feito são memórias. É a mentira que contamos a nós mesmos pra perceber que a vida valeu a pena. Ninguém sabe para onde está indo, esse é o maior medo de todos. Ninguém sabe.
Você é a versão mais perfeita de si mesmo. Somos completos mesmo na incompletude, talvez. O que somos é o que somos, buscar além é talvez uma falta de felicidade pessoal. Mas temos medos de ser felizes, então teremos medo de quem somos. Eu não sei. Ninguém sabe.
Pra onde ir então?