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Locomotiva

Há o escuro em minha alva superfície
Sua seco o sem santo elixir
Sobra apenas o gás da imundície
Sobe apenas o que deixo de existir.

Dentro aspira, rouba minha vida
Em seus trilhos vil locomotiva
Fora expira, larga-me a ferida
Fica a estação, faz-se a votiva

Mas frágil alma, frágil criatura
Não segue o passo da vida prometida
E parte o trem sem mia presença

E fica assim, em solita tortura
Veneno esfumaçado, morte vertida
Em gás espiralado, minha sentença

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Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

Na Praia

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