Eu queria ter um motivo para chorar, mas eu acho que não tenho. Eu choro, constantemente, e quase que diariamente. Eu choro pelos cantos, ou debaixo da coberta, ou no chuveiro. Eu choro porque o choro vem, mas eu não sei porque ele vem, mas depois bate um sentimento de culpa. Por que estou chorando? Eu não estou doente, não tenho uma forca financeira ao redor do meu pescoço, minha família tem saúde, eu também tenho saúde. Eu me cerco de pessoas que tem verdadeiros problemas, doenças, perderam entes queridos, e eu aqui, com a vida intacta, chorando, triste, jogado pelos cantos.
Mas algo me acontece, uma pressão muito forte, algo dentro de mim que me diz que eu devo continuar, devo seguir. Algo em mim me impulsiona e diz que mesmo fraco, eu devo continuar andando. Mas não é algo motivacional, é apenas um sentimento de culpa e vergonha.
Eu não sei mais como explicar para as pessoas uma coisa muito simples de se entender, se mudarmos o objeto de análise: eu não sinto mais prazer na vida.
Trocando 'vida' por 'alimento', eu jamais forçaria um prato desagradável goela abaixo de uma pessoa. E em condições que só houvesse aquele prato desagradável, a pessoa não se sentiria bem em ter que depender daquilo para se alimentar, não haveria prazer. Pois bem, comigo é assim, com a vida inteira.
Eu não toco baixo ou piano faz meses, eu não leio uma linha de um livro faz meses. Eu não ouço mais música, algo que era tão necessário pra mim, mas é como se todas elas fossem iguais, e é como se as pessoas estivessem sempre falando das mesmas coisas que eu já cansei de saber. Não vejo mais filmes, os filmes tem se repetido também nos temas: sim, nosso mundo é caótico e é possível que estejamos em direção a um perfil apocalíptico de vida e sociedade, mas isso só tem sentido no mundo humano mesmo, porque o planeta vai continuar aí. Os filmes tem sido uma constante propaganda dos medos da humanidade, e eu já estou farto de sentir medo. Essa parece mesmo a geração do medo e do pavor, a geração da insegurança e dúvida quanto ao futuro. Eu já nem penso mais no futuro, pra mim está bem claro, ele não existe.
Por falar em não existir, muitas coisas não existem mais pra mim: não existe Deus, não existe fé, nem doutrina, não existe lealdade ou honra, não existe companheirismo, não existe confiança. O medo tem nos mostrado uma faceta horrenda, a de que somos realmente seres mesquinhos e egoístas, e quando estamos acuados, deixamos tudo e todos pra trás pensando apenas no nosso próprio bem-estar. Essa mentira propagada de que, por estarmos vivendo em uma geração egoísta, não precisamos de ninguém além de nós mesmos para sermos felizes. Isso é muito conveniente até o momento em que nos sentimos tão vazios por dentro que vamos em busca de alguém para preenchê-lo, até o ponto em que vamos nos sentir auto suficientes de novo.
Essas ideias que caem na moda e que as pessoas se acercam sem ao menos questionar suas validades, sem ao menos questionar a consequência e impacto que elas terão no nosso dia a dia. Fui vítima disso em incontáveis vezes, uma independência falsa que é nada mais do que disfarçada pelo medo de amar outra pessoa. Amor é entrega e reciprocidade, coisas que tem muita relação em abrir mão de parte da nossa própria liberdade em alguns momentos. Numa geração em que a liberdade é a maior das propagandas, as duas coisas parecem não coexistir mais. Eu acredito no amor, ainda, talvez, mas mais porque eu sei no quanto isso ainda existe dentro de mim. Talvez, em breve, quando eu parar de acreditar, eu finalmente tenha desatado o último nó que ainda me agarra a este lugar. Algo em mim ainda insiste, e eu odeio isso, porque eu quero de verdade poder desistir de tudo e finalmente descansar.
Mas algo me acontece, uma pressão muito forte, algo dentro de mim que me diz que eu devo continuar, devo seguir. Algo em mim me impulsiona e diz que mesmo fraco, eu devo continuar andando. Mas não é algo motivacional, é apenas um sentimento de culpa e vergonha.
Eu não sei mais como explicar para as pessoas uma coisa muito simples de se entender, se mudarmos o objeto de análise: eu não sinto mais prazer na vida.
Trocando 'vida' por 'alimento', eu jamais forçaria um prato desagradável goela abaixo de uma pessoa. E em condições que só houvesse aquele prato desagradável, a pessoa não se sentiria bem em ter que depender daquilo para se alimentar, não haveria prazer. Pois bem, comigo é assim, com a vida inteira.
Eu não toco baixo ou piano faz meses, eu não leio uma linha de um livro faz meses. Eu não ouço mais música, algo que era tão necessário pra mim, mas é como se todas elas fossem iguais, e é como se as pessoas estivessem sempre falando das mesmas coisas que eu já cansei de saber. Não vejo mais filmes, os filmes tem se repetido também nos temas: sim, nosso mundo é caótico e é possível que estejamos em direção a um perfil apocalíptico de vida e sociedade, mas isso só tem sentido no mundo humano mesmo, porque o planeta vai continuar aí. Os filmes tem sido uma constante propaganda dos medos da humanidade, e eu já estou farto de sentir medo. Essa parece mesmo a geração do medo e do pavor, a geração da insegurança e dúvida quanto ao futuro. Eu já nem penso mais no futuro, pra mim está bem claro, ele não existe.
Por falar em não existir, muitas coisas não existem mais pra mim: não existe Deus, não existe fé, nem doutrina, não existe lealdade ou honra, não existe companheirismo, não existe confiança. O medo tem nos mostrado uma faceta horrenda, a de que somos realmente seres mesquinhos e egoístas, e quando estamos acuados, deixamos tudo e todos pra trás pensando apenas no nosso próprio bem-estar. Essa mentira propagada de que, por estarmos vivendo em uma geração egoísta, não precisamos de ninguém além de nós mesmos para sermos felizes. Isso é muito conveniente até o momento em que nos sentimos tão vazios por dentro que vamos em busca de alguém para preenchê-lo, até o ponto em que vamos nos sentir auto suficientes de novo.
Essas ideias que caem na moda e que as pessoas se acercam sem ao menos questionar suas validades, sem ao menos questionar a consequência e impacto que elas terão no nosso dia a dia. Fui vítima disso em incontáveis vezes, uma independência falsa que é nada mais do que disfarçada pelo medo de amar outra pessoa. Amor é entrega e reciprocidade, coisas que tem muita relação em abrir mão de parte da nossa própria liberdade em alguns momentos. Numa geração em que a liberdade é a maior das propagandas, as duas coisas parecem não coexistir mais. Eu acredito no amor, ainda, talvez, mas mais porque eu sei no quanto isso ainda existe dentro de mim. Talvez, em breve, quando eu parar de acreditar, eu finalmente tenha desatado o último nó que ainda me agarra a este lugar. Algo em mim ainda insiste, e eu odeio isso, porque eu quero de verdade poder desistir de tudo e finalmente descansar.