Ainda vivo pelo ódio Que eu sinto de você Porque esta vida é uma mentira Mas você é ainda mais. Cada vez que eu te vejo Uma parte de mim morre Já morreram tantas partes Que o que sobra é uma penumbra Nihilumbra amores vãos Não existe mais pulsar Nem pelo nobre sentir Do pobre coração O que sinto é a derradeira sede Temo saciar com um último gole E o que restar é só vazio Tédio e vazio Como queria que com trovejar Caísse em mim e me dividisse Com o raio da renovação. E nada mais temo. Não temo deitar em vã espera Tal a morfina da névoa da manhã Recita em silvos o sacrilégio Dos sussuros da aurora É só o crepúsculo das horas A falta de fome na fartura E o nado urgente em mar raso O vôo em salto de colchão Segue em corpo são Mas em espírito tardio Como se a tudo visse E a tudo cheirasse Já nem há mais o ódio A mágoa cavada em estaca A ressaca da conviva inesperada Ou mesmo a depressão O que há é pior que o morrer Em retrasada musculatura De esganar-se nas próprias mãos. O que há é ar sem ...
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