Do vazio vem
Ao vazio vai
E o som silente de tudo o que se forma
É o assobio do sábio alado
O som chiante da espuma
sob os pés cansados do viajante
Ele marca atrás de si
Suas pegadas na areia vacilante
Mas seu peito não
Seu peito é um universo flamejante
Do vazio vem
No seu invólucro preenche
Com a luz que pode absorver
Ao vazio vai
Virar uma estrela cadente.
Cortando o mistério do espaço
Calando-se em cada néctar do tempo.
A primeira palavra do universo
Esta que esquecemos de dizer
Razão do quanto esquecidos somos
Sorve como a gota do deus da Lótus
Quando em piedade, chorou
E chorou até que os duros chãos do deserto
Se fizessem florir com a riqueza de um mundo
Que hoje fingimos conhecer.
Palavras são tão leves como o ar.
Só existem quando nos lembramos
De que o ar precisamos respirar.
Do vazio eu venho
Ao vazio eu vou
E no meio de tudo
Apenas um vazio que sou.
No céu em busca de conforto
Avisto apenas uma lua verde.