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Você, meu irmão

Guerra de identidade procurada
- Você, homem pelado! Segura aqui esta bandeira! - dizia o soldado existencialista

Para o homem pelado, era um pedaço de pau e um pedaço de pano.

O homem trovejava mais forte que a natureza
Era um trovejo de sangue, grito, dor, choro e esquecimento
A luz apagava
O acampamento não silenciava, murmurava em sofrimento
Era tudo uma escuridão

Guerra de identidade exigida
- Você, homem vestido! Segura aqui esta bandeira! - dizia o soldado idealista

Para o homem vestido, era um pedaço de pau, um pedaço de pano, e uma chibata.

O homem trovejava mais forte que o universo
Era um trovejo de sangue, grito, individualismo e ambição
A luz apagava
O acampamento silenciava em suspiro e indignação
Era tudo um breu

Guerra de identidade edificada
- Você, homem aí, toma aí, toma
Bandeira de pau, de pedra, de madeira, de terra.
Era um pau, uma chibata, uma obrigação. Nem Jesus e sua cruz!
Quem era pra Nhadevuruçu?

Você, meu irmão, qual teu nome?
Caaporã. 

Pai, perdão, eles não sabem o que fazem.

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