Uma música
Uma lembrança
Um sabor de última dança.
Um toque de esperança
Um beijo de saudade
Um desejo, uma vontade
Um sentimento de verdade...
Ou um engano da idade?
Não importa, saudade.
Um medo ou egoísmo?
O eu mesmo ou altruísmo?
Uma noite de paz
E mais duas de tormento.
Um suspiro cor de seda
E mais outro de renúncia
Suplicar como prenúncia
De um novo mundo igual.
Outro medo, uma denúncia.
Sabor de mel insosso
Passos tortos de uma vida
Que nos dói até o osso.
Uma voz que é a paz
E um silêncio, o tormento
Quanto menos se quer mais
Até o limite do rebento
Do amor que satisfaz
Como a gota ao sedento.
A coleta de migalhas
Que espera que um dia
De verdade ou de mentira
Forme-se uma regalia
Que acalme essa ira.
Uma raiva do impossível
Uma crença no incrível
Solidão indescritível
Coração indestrutível
Sentimento invencível.
Uma música
Uma dança
Uma lembrança, um presídio.
Um toque único de amor
Com sabor de suicídio.
Um olhar que se esquiva
E mais outro que se perde
Um semblante de estátua
Do mais belo branco gesso
Com seu interior oco
Ou de rígido maciço.
O meio toque sóbrio
Ou o descuidado bêbado
O andar cambaleante
Batimento inconstante
O tremor ar sufocante.
O excesso de palavras
A garganta dolorida
Desperdício de uma vida
Uma lembrança esquecida
De uma alma corrompida.
Um cheiro de saudade
Um toque de verdade
Um segundo, eternidade
Um amor de verdade.