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O Intento Impossível

Uma música

Uma lembrança

Um sabor de última dança.


Um toque de esperança

Um beijo de saudade

Um desejo, uma vontade

Um sentimento de verdade...

Ou um engano da idade?

Não importa, saudade.


Um medo ou egoísmo?

O eu mesmo ou altruísmo?

Uma noite de paz

E mais duas de tormento.

Um suspiro cor de seda

E mais outro de renúncia

Suplicar como prenúncia

De um novo mundo igual.

Outro medo, uma denúncia.


Sabor de mel insosso

Passos tortos de uma vida

Que nos dói até o osso.


Uma voz que é a paz

E um silêncio, o tormento

Quanto menos se quer mais

Até o limite do rebento

Do amor que satisfaz

Como a gota ao sedento.


A coleta de migalhas

Que espera que um dia

De verdade ou de mentira

Forme-se uma regalia

Que acalme essa ira.


Uma raiva do impossível

Uma crença no incrível

Solidão indescritível

Coração indestrutível

Sentimento invencível.


Uma música

Uma dança

Uma lembrança, um presídio.

Um toque único de amor

Com sabor de suicídio.


Um olhar que se esquiva

E mais outro que se perde

Um semblante de estátua

Do mais belo branco gesso

Com seu interior oco

Ou de rígido maciço.


O meio toque sóbrio

Ou o descuidado bêbado

O andar cambaleante

Batimento inconstante

O tremor ar sufocante.


O excesso de palavras

A garganta dolorida

Desperdício de uma vida

Uma lembrança esquecida

De uma alma corrompida.


Um cheiro de saudade

Um toque de verdade

Um segundo, eternidade

Um amor de verdade.

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Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

Na Praia

Contempla a pedra una o nascimento Do suntuoso Astro que se lança Como o materno elance tua brasa Extirpa da minha vida o lamento. Beija-me os pés com tal candura A alma que imortal e majestosa Clara, tão macia e arenosa Da vida, abranda a desventura. Dança com o silvo de uma brisa Restaura-se o grão o teu domínio Incauta testemunho-lhe a misa A carícia que faz-me a imagem. Já não mais soa como o eterno toque Que na memória o gesto imortaliza Vez a vez se aparenta-se imponente A cena que comove-me o enfoque. Cavalga mar adentro a ventania Prata e prata no celeste horizonte Manto líquido, tua sabedoria Áspero, feroz limpa o Flegetonte. Olha a pedra do flamejante prenúncio Do grande Astro que o braço repousa A ocre cor que em seu leito se esconde Salva-se o mar perene de silêncio.

Tua Palavra

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