Quando me for
Se quereis orar
Ore
Mas não ao homem sentado no trono
Nem à nuvem
Ou ao céu inalcançável
Não é para lá que irei
Corre o risco tua palavra
De seguir a rota errada
Ore ao chão de terra
E às flâmulas da água
Ore ao calor do fogo
E ao toque gentil da rara brisa
Ore ao que está fadado ao fim
Pois é para lá que irei
Na terra sacra
Nada de sacrifícios
Enquanto temos o chão
Exatamente sob nossos pés
Ore ao pouco que fazemos
Não mitificar aquilo que se foi
Dar, pouco porém,
Àquilo que todo dia quase vai
Jogai as cinzas ao chão
Deixa que a chuva leve para junto
De onde estava o pranto do homem bom.
Partirei bem
Nada fica para mim
Partirei de vossas cabeças
A todos com o martelo na mão
Bate o prego no chão.