Creia na força da palavra
E no ato da nota creia
Que para cada verso bordado
Firma-se o tecido na veia.
Leia o leito caudaloso
Deguste este versar
Como quem costura
A boca do teimoso.
Pois tecidos, não trapos
Esgarçam-se na pele
Mal os tapam o frio
E a pouca das vergonhas
Enquanto versos desenrolam
Transbordam sangue lá e cá
Dos corpos que caem pelo rio.
Do alto de suas torres de quinquilharias finas
O som de seu clamor íntimo morre pelo ar
Como quem, de apelo surdo
Morre de fome no chão.
Obrigado por explicar
À existência da minha miséria
A miséria da minha existência.