Por Estevão Bruno Steiner
Nem sempre a fé veio embalada em salmos. Nem sempre se parecia com uma oração bem dita. Às vezes, ela era só o ato de continuar respirando quando tudo dentro de mim pedia pra desistir.
Houve noites em que a esperança parecia um estrangeiro e Deus, um eco distante demais pra ouvir.
Foi ali, nesse vão entre o desespero e o nada, que o silêncio se tornou meu mestre. Não o silêncio amargo da indiferença, mas o silêncio fértil - aquele que acolhe o que as palavras não alcançam.
Aprendi que há uma fé que não se diz. Ela não se dobra em joelhos, nem se impõe em doutrinas. Ela apenas… permanece. Mesmo frágil. Mesmo confusa.
É a fé do andarilho que não sabe onde vai dar o caminho, mas caminha.
É a fé de quem abraça alguém em pranto sem saber o que dizer — e mesmo assim é consolo.
É a fé que sobreviveu ao abuso, à injustiça, à ausência de amor onde mais se precisava.
E que um dia, cansada de gritar, se aquietou.
Foi nesse silêncio que encontrei algo maior. Não um céu a me premiar, mas uma presença discreta, um sopro de sentido que não precisava ser entendido - só sentido.
Hoje, não peço mais provas. Nem exijo respostas. A fé que me sustenta não precisa vencer debates. Ela só precisa me lembrar, nas horas mais escuras, que há um porquê - mesmo quando não há um como.
E isso me basta.
Estevão Bruno Steiner