Toda aurora traz os passos Até a porta da casa A borda, o lar, a fronteira E outrora, o olhar escandaliza O toque, pouso de condor Perfura e mira o reflexo Na linha espelhada da lagoa. O lar do abissal desconhecido. Resta ali Abraçados em si: O pavor E a criança A faixa luminária Cobre lentamente o sono do mundo E embala o crepúsculo das almas É a mãe que puxa a manta Para o exausto filho sonhador. É a última noite, meu amor.
Há um lugar Que quero sempre visitar. Que clama por mim Ou quem o clama sou eu? Um pedaço de chão Recôndito, recluso, difícil de encontrar. Esse lugar, simples lugar. Um pedaço de terra Um arbusto aqui, outro ali Salpicada como tempero E as flores que você plantou Para você colher. Esse lugar que se confunde Com o conforto cálido do ar E a maciez lívida do toque E o aroma doce do hálito Um lugar que afaga a inquietude Que transforma o solo que míngua Em um caudaloso açude. Há, que pareça sonho, um lugar assim Onde as vozes soam Como o primeiro pranto da aurora E as teias de luz que se desenham Para embalar o renascer. E lá chegando, deitaremos na grama Não sentiremos vergonha Nem da lágrima Nem da mágoa Nem da vontade de sorrir. Largaremos para trás O fardo venenoso da memória E faremos do presente momento Uma nova história. Lá, no lugar embrionário Teremos a plena certeza De que repousamos no olhar A nossa sincera natureza. Há algo assim, de Belo De extraordinário Há, no infinito dos ...