O mar azul Grande como inconsciência Grande como o sonho de todos Mergulhou e quis sumir Só o mar conheceria Só o mar queria conhecer Só dele que saberia falar Que existiu O mar azul Coisas assim ninguém acredita E se de repente sumisse o mar Sumiria o grande espelho do céu E todos nadariam nas nuvens O mar azul como se respirasse os nossos segredos Ninguém sabe
Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.