Eu vou acabar apagando esse texto mais pra frente. Eu sei que ninguém lê, só eu, mas eu preciso disso, dessa ilusão momentânea. Não, não quero mais me iludir. O inferno emocional em que eu me encontro agora, e a minha insistência de permanecer nele, é porque eu preciso suportar, pra me fortalecer. Dói agora, dói demais, e eu sei todos os motivos. Eu não preciso e nem precisarei jogar alguém no meu lugar pra que eu sinta um alívio momentâneo. Eu não vou precisar sacrificar um bode expiatório para os problemas que eu mesmo causei, apenas para que eu tenha um respiro temporário. Não subirei nas costas de ninguém, pra que assim eu atinja uma superfície falsa, e diga a mim mesmo: "estou assim por sua culpa". Não, de forma alguma. Estou assim por culpa minha mesmo, por permissões indevidas, por abrir as portas e deixar que qualquer coisa entre. Por uma falta de cuidado que um dia já tive, de selecionar melhor as coisas.
Eu sinto raiva, mágoa, dor, e tão cedo, eu me vejo no maldito erro da auto piedade. E sinto mais raiva ainda, porque eu odeio sentir pena de mim mesmo, e odeio que façam o mesmo comigo. Eu sei quem eu sou, eu me conheço, eu me vejo jogado ao chão, destruído, doloroso, cansado, até mesmo chorando, e eu grito, de fora "Levanta porra, levanta! Sai daí Matheus, sai daí! Ninguém vai tirar você daí, ninguém, não existe ninguém que vai te ajudar!".
Esse mito da solidão romântica é o que tivemos que abraçar pra não nos destruirmos totalmente nesse mundo repleto de pessoas egoístas e narcisistas preocupadas apenas com o seu próprio prazer. É preciso reaprender a sobreviver numa sociedade que de repente passou a recontar sua vida, emparelhando ilusão com realidade, pelas fotografias e recortes de uma rede social. E minha forma de sobreviver é sempre a mesma: reclusão. Reclusão e ressentimento por essa sociedade maldita. Mas ora, o que digo de falso para minha própria redenção, eu faço parte dela! Não há o que ser feito.
No entanto é isso por momento, eu sou apenas eu, e só eu, o auge de um egocentrismo onde, eu peço perdão aos que me amam e se preocupam, eu preciso me ocupar de mim para cuidar de mim, e aprender a conviver com estes fantasmas.
A dificuldade de lidar com o que não existe em uma civilização cheia de ignorância, quando vê apenas o que está na sua frente, embora seja a sociedade mais iludida com mentiras de uma religião, pois para todo problema parece existir uma solução fácil, rápida e instantânea. Mas não é assim que as coisas funcionam.
Preciso até mesmo parar de questionar em mim mesmo o sentido de vivenciar tamanha dor por confiar e depois me desiludir demais. Anos e anos de negligência com a realidade, com a minha realidade, trouxeram-me até aqui.
Este é meu mundo, esta é a minha vida, e como a todos que também se recolhem em suas próprias reclusões, dar-me-ei ao direito de de recolher-me à minha, e viver apenas aquilo que eu sentir que precisa ser vivido.
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Apenas, por favor, fique bem, fique bem logo.