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Magia Negra

E se fossemos capaz de lhes devolver tudo o que lhes roubamos
A voz
A música
A luz
A alma
O direito de ser humano
Mas não posso
Posso apenas ajoelhar enquanto passas
Deixa-me, por favor deixa-me
Deixa-me transbordar toda essa culpa
Esse peso
Deixa-me mostrar o que é ao menos uma vez
Ser grande diante dos outros

Entendo a pequenez do gesto
Mas é a humilhação voluntária
De que não suporta teu sofrimento
Abro-te as portas para passar
E deixo que todos os palcos se esvaziem
Até que canses de tanto gritar
Até o fim da minha existência
Perdão

E quando perguntam do menino
O do morro?
Queria que fosse vivo
E é.
Mas não precisa de mim
Não precisa da minha licença
Ou da minha permissão
Isso é só voto de consciência
O alarme de uma alma que sofre
E se compadece
Se me quiseres na batalha
Lá estarei
Mas sei que tens punho

Força
Voz
Alma e Coração
Peço-te apenas
Por tanto que lhes roubamos
Perdão

Por inveja do feitiço ou da condição
O tanto que nos deste
A vela dessa traição
Peço-te apenas de joelhos
Um arrependido perdão

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Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

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