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Mal Amada

Eu passo oitenta e cinco por cento do meu dia em cima do travesseiro do sonho. Eu sonho com justiça social, com o fim da desigualdade, com um mundo mais pleno de empatia, um mundo menos preocupado com a imagem ao invés da essência. Eu especialmente sonho com um grande amor. Eu perdi todos os meus.

Eu sonho com um amor que comece agora, e seja tão puro e pleno, que não existirá o ontem e nem o amanhã, e ele estará aqui. Eu sonho com um tipo de amor que já entenda que sou imperfeita e cheia de temores. Eu sonho com um amor que considere minhas feridas e meus medos. Eu sonho absurdamente com um amor onde eu possa me sentir segura, e que possa cuidar de mim. Eu sonho com um amor que não importa a loucura do mundo, ou a minha própria loucura, ele estará ali para me salvar. Eu sonho com um amor que não me culpe e não me condene, e que não me cobre um preço, pois não vou cobrar. Com um amor que não sinta que amar é demais ou insuficiente. Um amor que não me abandone à solidão. Com um amor que seja tão verdadeiramente forte que entenda que tudo passará, mas eu ainda estarei aqui.  Com um amor que entenda, que perdoe sem precisar ser dito, que reconheça sem precisar ser pedido, que sobressaia sem precisar de humilhação. Que acredite no poder da promessa, que acredite acima de tudo, em mim, e que é o amor que eu tenho pra dar, pleno, em meu coração.
 
Com um amor desses.

Eu sonho apenas.

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Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez...

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