Esse som ríspido que raspa o meu trajeto
Não é a demência da alma
Não é o som pesaroso de um luto repentino
É o som dos estilhaços esparramados no chão
Daquilo que sobrou do espírito menino.
Sim, eu sei, hoje era pra ser de alegrias
Sorrisos, gratidão e fortuna
Horizonte avante, de um futuro que se abre
Mas futuro já não há, não penso, não vejo
Só o pesar que com o coração coaduna.
Recebe uma ligação porém,
Ainda ouve aquela voz familiar
Aquele amor que é o mesmo da infância
Aqueles sons que se repetem e já nem nota.
A mesma cantiga cujo final se antecipa.
E cai o anjo novamente, no eterno lago
A pele etérea arde na dúvida sofrida
Por que, por que, por que minha vida?
Não tem porque. Só tem aqui.
Se atravessa a rua ou para
Ou se o cometa explode o corpo celeste
É porque.