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Mostrando postagens de setembro, 2011

Bibliografia do Olhar

Caia nas profundezas da poça d'água No mais fundo do lago Vire à esquerda Nade duas braçadas pare respire pense mais forte repare pire não há ordem o mundo lá fora palavra escrita solta o som preso o corpo preso a alma presa Ali está o coração

Rock in que?

O Rock in Rio está bem por aí, impossível deixar de notar, por mais que queiramos fugir do parasitismo das novidades, eles nos perseguem sejam em forma de notícias virtuais, sejam em forma de pessoas. Quanto a este problema não há muito o que se possa fazer, o complexo de Aldous Huxley da sociedade inevitável que nos perseguirá até o momento em que nos enforquemos no mais alto toco da nossa toca recôndita nas profundezas da mais densa e inabitável mata como símbolo (e talvez única opção) para libertação, ele existe. Fazer o que? Bem, fazer o que? Eu passei os últimos dois ou três anos debruçado nessa pergunta. Fazer o que? Pensar, talvez. E às vezes pensando eu me deparo com umas coisas que não consigo deixar passar batido. Detesto incoerência de discurso. Tomar partido é perigoso por causa disso, você será sempre escravo das suas próprias palavras. Eles quem queiram, não? Li um dia desses umas notícias reclamando que o Rock In Rio estava Pop demais, ou até mesmo, Axé demais p

Conscio Subciente

Borges namorou Isabelle Foram felizes como puderam Se amavam toda semana Depois saíam para jantar Entre eles havia sempre uma mesa Depois jantavam toda a semana E saíam para se amar Entre eles havia sempre uma mesa Depois saíam toda a semana E se juntavam para jantar Entre eles havia sempre uma mesa Até que a mesa e nada mais era pequeno o bastante para darem as mãos Vinte anos depois e de vida feita Borges falou Você não mudou nada Isabelle chorou até não poder mais morrer.

Viva diferença

Vindo todo o dia Pela mesma alameda Vendo o mesmo chão O mesmo entulho no mesmo lugar A mesma comadre contando das mesmas pessoas E as mesmas pessoas Diferentemente como umas as outras E essa mesma parede azul Chata, calma, tranquila, beirando o inferno imutável do tédio De bocejo em bocejo eu penso uma faísca de desejo: Essa parede podia ser laranja, só por um segundo.

O inútil

Casa de Pedra Livro de Papel Cadeira de Madeira Artilharia de Quartel O livro prescrito da medicina mundial Caguei-o e mandei-o para os diabos disse o viajante sem pernas Casa de Papel Livro de Madeira Cadeira de Quartel Quinquilharia de Pedra Depois disso cansou E resolveu que sentaria no céu e deitaria no mar. O viajante não sou eu.

Folha de árvore e de jornal

Sebastian Wissenmann sabia do Brasil por janelas Através dos livros e das teorias Pelas revistas e pelas opiniões jornalísticas Queda econômica Desastre urbano Informação endêmica Insatisfação diária Poluição acadêmica. Pro Tião Sabichão o Brasil era a mangueira Debaixo de que aprendeu a namorar E por causa sabia bem mais.
O mundo já é o bastante Para os que nele vivem Os que emparedam-se no chão Ele é como é Para o que carrega o espírito criança na mão O mundo não há, Hão.

Um pouco amargurado, entende?

É assim, to amargurado um pouco. Hoje à tarde um colega do trabalho que eu poderia chamar de amigo não fosse o pouco tempo que passamos juntos veio me falar de como dava suas aulas, e eu que achei um pouco agressivo quando ele quis ser realista para uma turma que tem preguiça até da própria preguiça. Eu o repreendi mas no fundo eu concordo entende? Era pra ser engraçado, mas quem vier aqui com espírito de esconder as emoções simulando com comportamentos significativos, então dá o fora. Não to mais pra isso não, entende? Cansa a mente o dissimulacro, onde nem mesmo um aperto de mão passa despercebido de uma significância. É só um aperto de mão, sacou? Só! Não é preciso que se escreva uma tese rebuscada de coisas que todos já sabem há eras da história humana. De repente minha máscara cai também, e sabem, o que carrego por baixo dela não é bacana, não é legal. Os mais fracassados ficam com medo, rebatem com grosseria, rebatem com defesas prontas, como se fossem todos cheios de cu

O Teatro Mágico

Já era hora que o poeta pena E esfalece, esmorece... O compromisso está na palavra E só. Sem serviço e sem contrato Fumo de cigarro Álcool de bebida Sem precisão justa ou justiça. Escravo não é mais quem trabalha E pede pelo pagamento É quem paga sem desalento E quem anda sem movimento E quem paira sem pensamento. Os frutos podres pendem da plantação As idéias velhas se acorrentam ao pescoço E morrem sem tentação. O velho livre já livre não é mais não Pois o livre é ciente de que é livre sem condição. Idéias velhas pendem na cabeça E pode passar o bonde Ou o trem da estação E poucos perceberão que fecharão-se as lojas E as portas se abrirão. Fecharão-se os cercos E os circos se abrirão. Quem tem medo de furacão Ficará em casa. Quem tem assinatura Fechará as gavetas. Acostumados ao lixo que estamos Evitamos olhar para o chão Acostumados ao espelho Evitamos o céu Acostumados ao céu Vamos de avião. E os sem asas voam Mesmo caçando no chão.
Se la vostra mente non è mai aperto a una nuova idea, non potrà mai avere una dimensione originale. Uma mente que nunca se abre pra uma ideia, nunca tem um tamanho original.

Breno o Papagaio

Droga de poeta Poeta meia boca da seis e meia O sol nasce quadrado mas não no cárcere O sol desce quadrado Tudo é quadrado demais pra essa hora A cerveja enfervece no copo Estala na garganta É seis e meia de um calor seco Quando os cretinos botam fogo em suas tranqueiras Tentando queimar o que ficou para trás Somos todos desgraçados nessa seis e meia De sexta feira de fim de semana É o fim quando pretendo esquecer Que ontem pularam o muro E anteontem quebraram a vidraça E desde o mês passado uma aranhainha discreta        [me faz companhia debaixo da pia Guti guti faz a gota da minha torneira Tic tac eu ouço o relógio Longe aqui do lado os sucessos da rádio popular O vento mal se move com os transeuntes Tudo isso tem cara de uma eternidade desgostosa E tem cheiro de queimado nas minhas roupas no varal. A batida do funk soa um blues lamentoso, sem gaita nem violão Quando foi que Jacqueline passou por aqui? Eram seis e dez Sempre assim Segunda feira a sexta