Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2009

Ébria

Definho os olhos sôfregos por seu olhar Deslizo pelas linhas de seus ombros Assim como o licor desliza Na garganta do ébrio vagabundo Ébrio moribundo. Sou sóbria destituída de valor Cujo último depósito Apostarei em teu calor. Definho de teus olhos moribunda Assim como a destreza de teus ombros Sobe a garganta com carinho Sou ébria vagabunda Escrava de teu amor.

O Não-Itinerário

 Ao descer do avião Não havia ninguém à minha espera. Nem ao descer do elevador, Ao sair do aeroporto Ao sair do táxi Ao descer até a cama Ao ingressar no interino dos sonhos. Despertei no dia seguinte E só me aguardavam na mesa de pinho As cartas que não mandei Fotos de antigos amigos O café frio depositado na xícara E o açucareiro vazio.

Além das Horas

Por ora deixemos o passado Guarde estas almofadas velhas De vermelho desbotado Deixe as velhas canções de lado Os talheres de prata desgastados. Salto por cima do colchão Entreolhos olho o espelho Que tanto nessa vida procurei Que por ti lágrimas derramei Jaz aqui diante de mim mesma O reflexo da minha fronte Na córnea límpida celeste. E onde eu me encontro em seus olhos É onde comprazida estarei. Veja embaixo da minha cama Quantas poças ali acumulei Presas em velhas garrafas alcóolicas Cujas nunca mais eu beberei. Mudaram as estações e as cores Mas permaneceram as mesmas dores. Nasceram as costumeiras flores Que se destinavams aos mesmos amores. Saltei por cima do minuto E andei um passo adiante. Larguei as taças embriagadas Larguei a solidão das escadas. Larguei um pouco a minha testa E deixei a luz entrar pelos olhos. A mesma estação que permanece Não é a mesma, é apenas ilusão Ora vento esfria e ora aquece E uma hora ela certamente padece. Mas

Genesis

Gemina a semente pequenina Cuida bem da terra vespertina Rega água pura e cristalina Nasce uma flor, uma menina Nasce uma dor, escondida De fel e fundo misteriosa Vem a alma fendida Avança fria e sombrosa. Olhos cor de esmeralda Pele de flanco macio Toque flébil esbalda Fora cheio, dentro vazio. Gemina o gémem Semina o sémem Domina o impem Defina o hímen

O Intento Impossível

Uma música Uma lembrança Um sabor de última dança. Um toque de esperança Um beijo de saudade Um desejo, uma vontade Um sentimento de verdade... Ou um engano da idade? Não importa, saudade. Um medo ou egoísmo? O eu mesmo ou altruísmo? Uma noite de paz E mais duas de tormento. Um suspiro cor de seda E mais outro de renúncia Suplicar como prenúncia De um novo mundo igual. Outro medo, uma denúncia. Sabor de mel insosso Passos tortos de uma vida Que nos dói até o osso. Uma voz que é a paz E um silêncio, o tormento Quanto menos se quer mais Até o limite do rebento Do amor que satisfaz Como a gota ao sedento. A coleta de migalhas Que espera que um dia De verdade ou de mentira Forme-se uma regalia Que acalme essa ira. Uma raiva do impossível Uma crença no incrível Solidão indescritível Coração indestrutível Sentimento invencível. Uma música Uma dança Uma lembrança, um presídio. Um toque único de amor Com sabor de suicídio. Um olhar que se esquiva E mais outro que se perde Um semblante de estát