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Mostrando postagens de maio, 2005

Prelúdio Urbano

I.Moderato Tarde de Sol escaldante no bairro Um casal se prostra à beira da porta O Gato se entrelaça aos pés da moça O cão do moço, dorme, escondido e envelhecido,          Quase morto atrás da porta. Estendem-se muros velhos, Onde as crianças brincam de esconder; Ninguém sabe onde se encontra ninguém. Estendem-se trepadeiras secas e cadavéricas, Onde deveriam estar ramalhetes. As donzelas já não são mais donzelas E o amor põe-se a chorar no coração dos moços Dando lugar a notícia. Os sinos das Igrejas tocam descompassados Só vejo agora, anjos feitos de papel, flores de plástico DEUS À BEIRA DO PENHASCO E o nosso desejo acima de qualquer suspeita. II. Allegro non troppo No meio do terreno baldio,  De onde se ouvia o prelúdio urbano Havia um homem comendo micróbios.  De trás da sucata,  Um menino o comia com os olhos. No meio da avenida um amor perdido De onde se ouvia o prelúdio urbano. Um coração dilacerado e sangue pra todo lado Ai, e aquelas exclamações apocalípticas que matam... M

Faminto

 Perdi a fome quando me apaixonei Não comi por três longos anos Longos, longos, longos... Se eu dissesse que era um ovo Não era um ovo Se eu dissesse que era um vôo Não era um vôo Se eu dissesse ser um vovô Não era um vovô Perdi a paixão quando senti fome Não me apaixonei por três breves meses Mas na fome que não é fome Só comi.