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Mostrando postagens com o rótulo Leslie Chans

Fenômeno Júlia

Eu aceito você na minha vida Sendo apenas estrela cadente Um raro fenômeno Pra vida inteira ficar contente Cabelos enroladinhos De cores adocicadas Rostinho de porcelana E lábios de poeta Disseram que você chora antes de dormir Mas a lágrima que você derrama É um botão de rosa dourada que vai surgir Como seus cabelos Enroladinhos Fizeram você como se faz o inesquecível Tem muito universo se pra explorar No meu coração, só saudade Tem sol nascente amanhã de manhã E som de rio Mas não é o mesmo som Nem o mesmo o Rio Nem a mesma Júlia Só a mesma saudade.

Haruki Murakami

Não sou de escrever texto de opinião, fico muito desconfortável. Opinião é uma coisa muito etérea, como vapor, como o ar mesmo. Não diria como a água, porque a água é líquida, e ela está sempre se movendo de um lado a outro, e cedo ou tarde entramos em contato com ela. Mas o ar não. O ar, apesar de ser algo bem real, afinal nós precisamos respirar, há vezes em que até nos esquecemos dele. Pelo menos é o que acontece comigo. Eu tenho alergias respiratórias, então só me lembro do ar quando ele está me causando algum desconforto. Acabo tendo que mudar de lugar. Assim é a opinião pra mim. O que isso tudo tem a ver com o título do meu texto? Quando eu era mais jovem as pessoas tinham dificuldade em compreender minhas ideias e opiniões; diziam de mim que eu não tinha uma noção clara sobre as coisas, que eu não entendia as coisas direito e que eu era uma pessoa burra, e isso me fazia sentir muita solidão. Convivi tanto com a solidão que acho que conheço muita bem a maioria dos asp

21 anos sem você...

O que faço agora é um grande absurdo, escrever um texto para alguém que não está mais aqui. É próprio de um lunatismo total, porque não, você não está em parte alguma desse dito além, tão fruto da imaginação humana, olhando pra mim, justamente pra mim, apenas porque agora estou pensando em você. Mas a saudade e a falta que você faz me enfraquece o espírito e faz com que eu caia nessas bobagens que às vezes nos rendemos, a precisão para não enlouquecer de vez. Já não estaríamos loucos o suficiente apenas por redigir por algo que não existe mais? De qualquer forma, eu não faço ideia da pessoa que você seria hoje, se ainda estivesse aqui. Não faço ideia se seríamos amigos ainda, se estaríamos perto um do outro. Dado o meu histórico social, é muito provável que não. É bem provável que você entraria pra minha lista da saudade, essa amargurada lista que eu pretendo esquecer. Nostalgia é o refúgio de uma mente que se acovarda com o presente. A vida é o que é. Mas ora, eu quero qu
Eu vou acabar apagando esse texto mais pra frente. Eu sei que ninguém lê, só eu, mas eu preciso disso, dessa ilusão momentânea. Não, não quero mais me iludir. O inferno emocional em que eu me encontro agora, e a minha insistência de permanecer nele, é porque eu preciso suportar, pra me fortalecer. Dói agora, dói demais, e eu sei todos os motivos. Eu não preciso e nem precisarei jogar alguém no meu lugar pra que eu sinta um alívio momentâneo. Eu não vou precisar sacrificar um bode expiatório para os problemas que eu mesmo causei, apenas para que eu tenha um respiro temporário. Não subirei nas costas de ninguém, pra que assim eu atinja uma superfície falsa, e diga a mim mesmo: "estou assim por sua culpa". Não, de forma alguma. Estou assim por culpa minha mesmo, por permissões indevidas, por abrir as portas e deixar que qualquer coisa entre. Por uma falta de cuidado que um dia já tive, de selecionar melhor as coisas. Eu sinto raiva, mágoa, dor, e tão cedo, eu me vejo no mal

Pote de Areia

Larguei a mão com suavidade Dentro deste pote de areia Randômico Ou ampulheta Tanto faz É parte da imaginação Escorreu a areia por entre os dedos Vi todas as minhas condições Li a mão como a um livro raro Que sensação de calma Como descer na lagoa da redenção Que quando vi Estava idosa Olho pra trás Não olhei nem olharei Olho Nas pegadas que ficam na praia Tortuosas Vale a pena Chove e seca ao mesmo tempo A vida é um sempre Pote de areia Querido eterno ente

Constelação

Quando eu olho pro céu É mais ou menos assim Esse brilho que de vez em quando some Tem estrelas que brilham mais que as outras Tem estrelas que eu nem vejo Será que alguém vê estas estrelas que ninguém vê? De algum lugar desse mundão? Que exista uma ponta? Mas esta estrela que não está lá Não deixa de estar Ainda assim, eu temo pela minha importância De certa forma é assim Estrela que brilha Estrela que some Estrela que sempre está no céu Tem estrela que nasce pra brilhar e ser mais vista Tem estrela que só existe Mas pra mim, é estrela mesmo assim Como eu amo todas as estrelas! Mas daqui debaixo eu tento Acalma É só contemplar Contemplo Meu versinho meu universinho Cabem todas as palavras que eu puder Sou só uma

Estrada

E se alguém me convencesse Que aquilo que visto Está do avesso? Como saberia eu Pobre eu Onde é o fim Onde é o começo? Quem anda perdido por aí Encontra os melhores lugares Mesmo sem querer Vou em busca da esmeralda E só encontro Turmalinas. Mas é verde e bela mesmo assim Só me falta amar-lhe a cor Com mesmo puro e sólido Amor.

Previsão

Encaro meu horizonte Onde lá jaz o meu futuro Vejo meu futuro como se fosse vivo. Vejo a mim mesma além de mim? Mas uma chuva cai Enxarca-me as previsões Destrói as tranças de meus cabelos Perfuma a relva com cheiro de nostalgia As flores no caminho não resistem Mas não se queixam Se quedam. Curvam-se A cada gota De pesar De molhar Aguardam Aguardo. Que sou eu? A chuva cessa Goteja tímida Como que pedindo licença Para se retirar Chega o horizonte no caminho Ou chego eu com meu caminhar? De onde encaro novos horizontes Nada é como é Mas tudo pode ser Sem que eu seja Que sou eu? Que vida maravilhosa.

Meditação x Prática Religiosa

Recentemente, durante uma conversa com um amigo, abri espaço para falar um pouco da minha prática e rotina espiritual. Antes, quero falar um pouco sobre o que é prática espiritual para mim. Sou agnóstica ateísta. Não por arrogância, mas porque, durante muito tempo, não tive educação religiosa. Era uma parcela de minha vida que simplesmente não existiu na infância, e desde cedo, souberam me ensinar a clara diferença entre realidade e imaginação. Por parcela ou não, de repente isso me fez ser uma pessoa menos angustiada. Passei a sentir angústia quando olhei para fora e prestei atenção na grande diferença que havia entre minha vida e a vida das pessoas. O tanto de sofrimento, e eu não entendia a origem da minha própria serenidade, e quando menos percebi, eu estava sofrendo de ansiedade. Mas sou leitora desde sempre, e em algum momento me deparei com um livrinho simples e gentil chamado "A Meditação da Plena Atenção". Busquei e reli, qual não foi a minha surpresa de
Quantos de nós jazem mundo afora sonhando com a vida que gostariam de ter? Imagino um coração angustiado sofrendo em silêncio em um ambiente escuro, fechado, desejando ser reconhecido por algo que não tem forças para por para fora. Nós sempre temos a tendência de pensar que somos únicos. Mas por um raro momento de empatia humana, eu apenas gostaria de pensar que há mais de nós do que eu imaginaria. Esses sonhadores com uma vida menos difícil e escravocrata. Para algumas pessoas, estas infectadas por essa ilusão de progresso, parece inaceitável, até mesmo imoral e escapista, desejar que todos nós humanos tenhamos uma vida mais tranquila e fácil. Que os nossos objetivos não sejam medidos a ganhos ou desejos efêmeros que nos fazem esquecer de nós mesmos. Eu queria saber mais sobre quem eu sou e o que vim fazer aqui, se isso fosse possível, afinal, a vida é minha não é mesmo? E de repente parece imoral que eu deseje isso a mim mesma. Encontro a luz constantemente em profun

Esquadro

Olho para o universo E não vejo o universo Não sou nada. Vejo no máximo possível Da mais bem direcionada Um reflexo de minhas intenções.

Se

Quando a água estava ao fogo Não ferveu Não respeitando nossa ciência. Mar imenso Praia imensa Praia intensa A onda foi, voltou, foi de novo. O que veio não vem mais.

Tristeza

Situação assim Quando Deus olha pra mim E diz: "Você é fruto do ser estar Nada te pertence Nada te pertencerá." Um sorriso me toma conta Eu deito e durmo O sono dos que acabaram de nascer E esqueço por um momento Que não tenho para onde ir Nem para chegar Enquanto estou só Num mesmo lugar.

A Máquina

A Máquina que o Homem inventou Jamais poderia contar Que há homens ainda crianças Que como as máquinas não contam Com o homem que a máquina inventou.

Imagine

Que a vida que pensei ter tido Era a vida que queria ter E que tudo que imaginei ter sido Era a imagem do meu imago ser. No limiar do ser e não viver Do vivo sem me ater As imagens são sem eu querer Imagino os mil mundos sem meu ser Tudo que é sempre irá permanecer. Nego o mundo que nos dói Com razão de convencer Que real é aquilo que eu planto Enquanto imagino o que não há de florescer. Flores às imagens mortas Às pinturas tortas e sem rumo E às poesias embrigadas de perfume! O real do mundo é açude com cardume. Mas ora... uma porta.

O Homem Sentado no Chão

Camisa suada Calça suada Barba crescida Cabelo em tons de fedor Arbustos cresciam ao redor. Sem crepúsculo Ou aurora Sem Sol poente Ou nascente Apenas em si mesmo Tranquilo e presente.

Pelas Almas Intranquilas

O que eu posso aprender com as vacas? As vacas são mães serenas Seres tranquilos de boa conduta Se as pernas são livres Seguem apenas as suas necessidades. Que tem as vacas com a tranquilidade? Vacas ruminam a vida com serenidade Acompanham cada passo até o pasto sagrado Se um passo a seguir é deveras complicado Ao invés de passo, seu corpo fica parado. Vacas não ruminam ervas ruins Árvores não crescem em terras inférteis O céu ilumina onde a sombra não se faz E o meu ar flui puro como a casa da garoa Vacas sem encostam na pedra Mas apenas como descanso E seguem seu curso sem pensar. O pensamento desmedido traz cansaço à alma E é a alma que produz o mel da vida Com todas as suas abelhinhas. As árvores sempre renovam suas folhas Abelhas zumbem em volta das flores E sabem que um dia vão tombar Mas sempre flores vão desabrochar. De vacas e árvores e flores e terras Eu me diluo nessa vida E enfrento feliz a minha guerra.

Nirbharatã (Ketergantungan)

A Luz cálida encarece a escuridão O que seria do descanso se não fossem as andanças? E o que é desespero sem a esperança? Nuvem branca, flutua sobre os oceanos dos céus Escondem de mim mistérios e enigmas sem resposta. Eu sou um mistério, não tenho janela, nem porta. Não tenho começo nem fim Sou uma constante, numa faixa, duma linha, dum ponto, dum caminho                                                   [que não começa e nem termina. Cálida luz, clássica benfazeja, tudo reproduz. Sou menina, sou menino Não sou nada nem ninguém Sou a bruma da espuma de quando tocam o sino Planta verde com cheiro de mata de alumínio. Orvalho cai na terra Nasce uma planta, flor de lótus, for de luz, luze tochas, acende a vida O que seria da luz se não houvesse escuridão? O que seria da incerteza não fosse a solidão? O que seria certa nada seria então. Olho para o céu e não vejo o universo parar Para perguntar por que. Por que seria algo se houvesse a res

Composição

Reconheço minha função mínima no mundo. Fecho os olhos Para escutar o som dos pássaros cantando Ventos para lá e de cá Batem nas folhas das árvores Que soam por existir. Entre os sons desta natureza estranha Ouço vozes de homens. Deste mundo também fazem parte.