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Flan de Lã

Longe no quintal de um longo tempo

Suspenso, imóvel, e repousado

Sinto, peso, o calor da tua mão

E eu, suave, afável, ao teu lado.


Um lugar de folhas flutuantes

E lentas, rodopiam devagar

Teus olhos, o meu riso cordial

Palavras? Não carece de falar.


E estes fios dourados ondulantes

Cabelo de menina no ventar

Que valsa e aquece o instante

Que sempre insiste em congelar.


Me esqueço, leve, em teu colo

E ouço a vida ir em surdos passos

Da brilhante pedra em teu solo

Guardada a unir teus estilhaços.


Que esqueçam as horas de passar

Que este mundo seja permanente

Aqui, porém, na vigor ternura

Aqui só nós, o amor latente.


E dobrem as memórias em candura

Acolham, em cobertas, flans de lã

Suave teus caminhos, rua dura

Teu amor, tua amiga, tua irmã.

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