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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Você, meu irmão

Guerra de identidade procurada - Você, homem pelado! Segura aqui esta bandeira! - dizia o soldado existencialista Para o homem pelado, era um pedaço de pau e um pedaço de pano. O homem trovejava mais forte que a natureza Era um trovejo de sangue, grito, dor, choro e esquecimento A luz apagava O acampamento não silenciava, murmurava em sofrimento Era tudo uma escuridão Guerra de identidade exigida - Você, homem vestido! Segura aqui esta bandeira! - dizia o soldado idealista Para o homem vestido, era um pedaço de pau, um pedaço de pano, e uma chibata. O homem trovejava mais forte que o universo Era um trovejo de sangue, grito, individualismo e ambição A luz apagava O acampamento silenciava em suspiro e indignação Era tudo um breu Guerra de identidade edificada - Você, homem aí, toma aí, toma Bandeira de pau, de pedra, de madeira, de terra. Era um pau, uma chibata, uma obrigação. Nem Jesus e sua cruz! Quem era pra Nhadevuruçu? Você, meu irmão, qual teu nome? Caaporã.  Pai, perdão, eles nã

A Misteriosa Eterna

Passava todo dia após o pôr do sol Ao pé de uma gentil casinha Tinha o muro ao fim do pé direito, coberto de raízes e florzinhas - Que bela arquitetura jaz além desta raízes - pensava Mas só pela fresta do alto muro ver não dava De dia em dia a vida inevitável pelo mesmo trajeto me levava E sempre a vontade curiosa ia crescendo - Um dia terei altura pra atravessar, e viverei o que após ali sabendo Certa vez em uma ocasião inesperada Um fogo fedorento e uma cálida luz me circularam Ao mesmo tempo o anjo e o diabo me pegaram Criei à esquerda a asa de um e do outro à direita Vi-me etéreo atravessado pelas partículas atômicas E quando de novo pela casinha eu passei Bati as asas e pelo muro eu pulei Oh poxa, então é isso o que eu vejo? Era só uma casinha, outro muro, tão igual ao que eu deixo Do outro lado o anjo e o demônio Breve se apresentaram - Pois é meu caro, a vida é assim Abri a porta, atravessei, e nunca mais fui visto E este foi o fim

Depressão - Digressão 7 - Aquilo que pode ter me quebrado

 Eu fui uma criança feliz, fui sim, de verdade. Eu não me lembro quando foi que me quebraram. Eu não costumava ter uma memória ruim, eu sabia o meu histórico de cor. Eu tinha uma linha do tempo muito bem clara na minha cabeça, e eu sei que sabia disso porque era comum eu contar minha história para todo mundo, em detalhes, ano a ano. Essa era a minha ideia de socialização. Conforme a gente cresce, copiamos aquilo que mais nos influencia, e isso a gente não escolhe. As pessoas querem acreditar romanticamente que sim, porque afinal qual narcisista que não sonha com sua própria biografia belamente contada na estante? Vamos deixando de lado detalhes mundanos e cotidianos, detalhes que destruiriam o mito que criamos de nós mesmos, para substituir por versões que nosso subconsciente cria para nos proteger dos nossos próprios traumas. Eu sei que isso acontece porque se até em filmes de segunda linha isso é dito, quer dizer que não é mais novidade para ninguém que se interesse pelo assunto. A q

Bom Mestre, que farei eu para ter a vida eterna?

O sonho do oprimido é ser o opressor. Nas aulas de sociologia de países como o Brasil essa é uma frase que vai surgir a qualquer momento. Um aforismo que já foi tão reproduzido que é difícil saber quem atribuir, por causa de suas diversas variações. Lá nos anos 90 falou-se muito sobre a Globalização e a tendência de um futuro em que grandes nações não veriam mais fronteiras, estenderiam seus comércios para além de seus próprios países, abandonando o nacionalismo, formando assim uma troca de mercadorias em escala global, ou a Globalização. Junto com essa troca de mercadorias há também a troca cultural, algo bastante recorrente entre nós. Temos que aprender a negociar com o parceiro, e para isso, temos entender como ele pensa, até mesmo adotar seu comportamento. É o básico do comércio. Estas influências culturais entram nos países, ficam, são transformadas, alteradas conforme os recursos locais. Ideias nacionalistas tornam-se estranhas em uma realidade em que a cultura regional é uma esp