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Mostrando postagens de julho, 2009

Ortotanásia

Foi quando veio a academia Que anunciaram a morte da poesia. Juntaram uma pilha de institutos Calcaram-na de pó para produto. Podia eu falar da beleza da noite Ou da tristeza dos dias Mas com mote teimo em dizer Da infeliz morte da poesia. O homem inventou a roda O Fogo As cidades As ventanias  As tempestades O riso e o pranto mudos Inventou o homem surdo E as notícias turronas. E enfim por não ter mais que inventar Inventou a si mesmo. Tudo isso está escrito Na tábua sábia da academia. Mas antes disso tudo Antes da primeira aurora E depois do último crespúsculo Já ela vivia livre A nobre poesia. Encarcerada pois ela está Sob o peso de muitos ministros Com quantos outros mil doutores Vive ela vã em suas dores, Vomitando feito registros. E o mestre sábio da pena teimosa Vive com ela tão cheio de glosa Mas mais que a dor tão pretensiosa Vive ela, pobre poesia, toda chorosa. Já não a sente quem não a vê Empilhad

A Praia

Dona Josefa na cadeira da praia Busca o vazio no imenso horizonte Onde a linha jamais se acha, se esconde. Qual praia? Não existe praia A praia é só um refúgio. Dona Josefa na praia que ninguém entende. Os mistérios do imenso horizonte Não são menos do que está na mente Do que ao invés de teto vê praia, E paira.

Jardineiro Infiel

E ali está. Pende para um lado com o vento que bate, Murcha, quase morta, seca como a terra, Áspera como a mão idosa do sábio, Que não sabe de nada. Ali está Na espera Na demora Na lentidão das horas (Que nunca passam). Um jardineiro infiel Plantou a semente com tanta precisão Cavou fundo fundo, com cuidados expressos E fugiu para não viver mais sua solidão, Partiu em dois sua visão. Ali está, Pende para um lado e para o outro Largada com desprezo insólito Para o vento que bate e nunca cessa. A flor tratada com pressa. Que não sabe se morre Que não sabe se espera. E enquanto espera, escorre...

kamal ka phool

 De tanto quanto quero nesta vida Eu busco pouca coisa em pouco escopo Família, nada, amor nenhum, amizade pouco Na confusa vida, evito solenidades Eu não busco beleza, busco verdades.

Vida Completa

Na rua direita do meu bairro humilde Nasceu um pequeno bebê O choro do nascimento foi um estrondo Escutado em todos os extremos, Do bairro Sentiu fome e foi amamentado Sentiu frio e foi aquecido Sentiu sono e dormiu. Cerrou os olhos pequenos E nunca mais abriu Simples assim.