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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

Depressão - Parte 2 (2000- 2014)

Procurei a psicóloga, e tentei reiniciar o tratamento que eu havia interrompido em 2010. É aqui que a memória me trai, então muito do que eu vou dizer pode ser apenas fantasia minha, pra tentar não ir diretamente aos motivos da minha dor emocional. E por isso é tão complicado falar de depressão da perspectiva do doente, porque o doente depressivo está longe de ser um realista. Ele sempre se vitimiza, quando as razões da doença tem mais origem numa permissividade dos eventos, bons ou ruins, e numa falta de imposição de ser. Pelo menos é como eu entendo hoje em dia. Comecei dizendo sobre a minha separação, e, novamente, os motivos são totalmente parciais, pois existe também a dor da separação do outro lado, da minha ex-companheira. Vamos chamá-la da Kátia. A Kátia foi um romance que surgiu na adolescência. Nos conhecemos em 2000, eu acho, numa festa de família. Eu tinha quase 15 anos e ela 19. A razão por eu ter me apaixonado foi a das mais banais para alguém que sofria de uma p

Depressão - Digressão

Por que eu devo adiar a dor dos outros enquanto a minha perdura? Por que eu devo permanecer aqui para que apenas as pessoas não sintam, neste momento, a confusão inexplicável de perder alguém com quem elas se importam? E por que eu importo? Para que eu sirvo? Pelo que eu vivo? Pelo essencial da sobrevivência, da evolução, e das razões para dar como herança o gene útil pela vida, eu não sou de grande valia. Eu não sou um grande pensador, nem um grande inventor, ou uma pessoa chave no direcionamento ou reinvenção da civilização. Essas pessoas que as pessoas tendem a chamar de heróis, ou gênios. Eu não sou nada disso. Eu não sou santo, não sou humanitário, nem mesmo um mentor. Eu não sou nada. Já me foram dadas mais do que evidências. Eu sou apenas um peso morto. Então, por que? Por que continuar? Por que persistir no inevitável, de que não vai dar em nada? Quem melhor para saber dos desígnios da minha própria vida senão eu? E eu sei que não vai dar em nada. Eu sou menos do que um sopro

Depressão - Parte 1 (2014)

Decidi hoje começar uma série sobre meu histórico de depressão. Talvez como forma de terapia, ou como uma tentativa de elucidar ainda mais, com exemplos reais (a partir da minha perspectiva parcial) das situações que me trouxeram até onde estou hoje. Decidi escrever estes relatos da forma mais direta e menos subjetiva possível, porque eu tenho um vício em subjetividade, mesmo que uma subjetividade pobre e repetitiva, eu sei disso, porque tenho medo de mostrar a minha vida como ela é de fato é. Estes medos variam por diversas razões diferentes, e uma das maiores é a de não ser injusto com ninguém. Eu não gosto de me fazer de vítima. Mesmo que, para quem me conhece, isso pareça algo totalmente incongruente com o dia a dia, porque quando eu falo sobre o que me dói, a minha tendência é sempre me colocar como a vítima da situação, mas dentro de mim, eu depois me condeno por isso, porque eu me excluo da minha própria responsabilidade de ter causado essa dor em mim mesmo.  Es
Eu vou acabar apagando esse texto mais pra frente. Eu sei que ninguém lê, só eu, mas eu preciso disso, dessa ilusão momentânea. Não, não quero mais me iludir. O inferno emocional em que eu me encontro agora, e a minha insistência de permanecer nele, é porque eu preciso suportar, pra me fortalecer. Dói agora, dói demais, e eu sei todos os motivos. Eu não preciso e nem precisarei jogar alguém no meu lugar pra que eu sinta um alívio momentâneo. Eu não vou precisar sacrificar um bode expiatório para os problemas que eu mesmo causei, apenas para que eu tenha um respiro temporário. Não subirei nas costas de ninguém, pra que assim eu atinja uma superfície falsa, e diga a mim mesmo: "estou assim por sua culpa". Não, de forma alguma. Estou assim por culpa minha mesmo, por permissões indevidas, por abrir as portas e deixar que qualquer coisa entre. Por uma falta de cuidado que um dia já tive, de selecionar melhor as coisas. Eu sinto raiva, mágoa, dor, e tão cedo, eu me vejo no mal
Quantas vezes mais descerei ao inferno Para ter a pele mutilada em intenso drama Que se reconstrua do zero e ressurja Sob a dura carcaça de uma dama? Eu sei que a vida é aprendizado, eu sei disso. Mas quantas vezes mais terei eu mesma que me destruir, a cada vez que deposito minha fé em algo, ter minha alma despedaçada, sim, dessa forma intensa e degenerada, porque já não sinto mais a sutileza das coisas, e tudo é isso como parece, um eterno grito, um eterno berro de dor, e enfim ressurgir mesmo, como pessoa nova? Eu estou cansada de ser uma pessoa nova, e estou cansada de ter meu coração apunhalado pelas imagens espontâneas dos meus desejos não realizados. Quando será que vou conseguir me perdoar por não conseguir te perdoar? E quando será que vou conseguir não sentir mais pena de mim mesma a cada vez que eu te ver numa foto ou receber por um acaso uma mensagem que não foi direcionada a mim? Eu tento, eu juro que tento te esquecer, tento fingir que você nunca existiu

Perdão

Desejo a todos aqueles quem um dia desiludi Que encontrem um verdadeiro novo amor Ainda que dentro de si mesmos Ainda que na passagem do vendedor de rua Ou no bom dia da vizinha que parece sempre estar ali Desejo que haja cura Para as mágoas que causei Desejo que haja menos sofrimento Numa lembrança que não quis deixar Que não haja mais para nada dos erros Uma palavra que sepulte a tudo Que não se ponha numa lápide Para que aquilo não seja o resumo Do tanto que se pode viver No breve sopro da existência Desejo uma cura para os males que deixei Quando em momentos de desespero Achei estar fazendo o bem Mesmo que para mim mesmo Desejo ser visto ao menos como um ser Que jamais desejou o maltratar Apenas que entendam que sou um humano menor Tentando entender o que é viver Tentando saber o que é amar. ------------------------------------------------------------- Aos corações que eu machuquei, das capitais aos litorais, perdão.
Amaldiçoado é o coração Onde a felicidade torna-se ironia E é só isso o que eu sou capaz de escrever. Este espaço que é acessado por uns raros anônimos, mesmas pessoas que eu sequer sei se dedicam tempo lendo as coisas que tenho pra escrever, passou por muitas transições. Ele pode ser, por assim dizer, um registro de mim mesmo. Não seria humano a pessoa que não quisesse deixar um legado. E em algum ponto da vida, queremos apenas apagar os indícios da nossa existência. Seremos apenas um mero punhado de palavras que vão fazer sentido pra algumas pessoas específicas, ou não. Seremos imagens, sons, cheiros, nosso legado é isso, e nada além. Não ter mais o apreço pela necessidade de ser e de transformar, é quando muito se fez ilógico. E é isso, de fato, os caminhos da minha própria vida me trouxeram, por uma pessoa totalmente improvável, esta ideia de Albert Camus: o segredo do sentido da vida está em abraçar o absurdo que ela é. Eu nunca li nada de Albert Camus, e só pude as

A você, pessoa importante da minha vida

Isso é para que você se lembre, no futuro, quando tudo estiver diferente de hoje. Você já viveu muitas transformações. A maior parte das suas experiências foram vividas dentro de você. Sim, nós sabemos que dentro de você existe uma espécie de vazio por você acreditar que nunca viveu a vida de forma apropriada, por achar que não tem lembranças ou memórias, ou até mesmo por se convencer de que não é feliz. Uma constante vida solitária o fez fugir para dentro de si mesmo, e tem medo de sair, tem medo de se expor e tem medo de se mostrar. Está se tornando rancoroso, amargo, por causa dessa prisão que você mesmo criou. Mas não veja isso como crítica. Talvez por essa razão seja tão centrado em si, e por isso tantas pessoas não conseguem entender a vastidão dos seus pensamentos. Não, isso não é arrogância, tão pouco petulância ou narcisismo. Isso é saber quem você é. Seus pensamentos são vastos e sua ação é lógica e coerente. Mas como todas as pessoas nesse mundo, você também se envo